Neste episódio, a coordenadora do Comitê Multiprofissional da SBOC, Dra. Andrea Pereira, a coordenadora do Comitê de Cuidados em Sobreviventes, Dra. Luciana Landeiro, e a coordenadora do Comitê de Oncogeriatria, Dra. Ludmila Koch, exploram a relação entre sarcopenia e câncer.
O recente diagnóstico de câncer de próstata do ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reacendeu discussões sobre prevenção e tratamento dessa doença, que é a mais comum entre os homens no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são registrados cerca de 66 mil novos casos e quase 16 mil mortes por ano no país. A maioria dos casos apresenta evolução lenta e bons índices de controle quando diagnosticados precocemente. Entretanto, nos casos avançados, como o de Biden, que anunciou ter metástase óssea, os tratamentos têm passado por transformações significativas. Em entrevista a IstoÉ, o diretor da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dr. André Sasse, destaca que “a doença metastática é sensível à hormonioterapia, com prognóstico razoavelmente bom, expectativas de respostas de longa duração”.
Dr. Sasse explica que, nesses casos, o tratamento é permanente e requer monitoramento constante para avaliar a eficácia da estratégia adotada. Ele ressalta: “Não podemos comentar especificamente o prognóstico do ex-presidente John Biden, porque não temos acesso aos detalhes, como biópsia e o quadro clínico. No geral, pacientes têm uma expectativa de vida longa. Quase sempre, isso significa alguns anos de controle da doença com tratamentos que interferem pouco na qualidade de vida, mas necessitam logicamente de uma avaliação intensa, em especial no começo do tratamento para verificar se a estratégia está funcionando”. Além disso, o especialista destaca que a testosterona funciona como um combustível para as células do câncer de próstata, e que o tratamento visa diminuir seus níveis no sangue, utilizando medicamentos que reduzem a testosterona, tornando os tratamentos menos agressivos e a doença controlável por mais tempo.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) promove, até 3 de junho, a Consulta Pública (CP) Nº 32.
A tecnologia avaliada é:
Nivolumabe como tratamento adjuvante
Indicação: para pacientes adultos com diagnóstico confirmado de carcinoma de esôfago após tratamento trimodal (quimioterapia, radioterapia e cirurgia)
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) promove, até 3 de junho, a Consulta Pública (CP) Nº 31.
A tecnologia avaliada é:
Nivolumabe e pembrolizumabe
Indicação: tratamento de primeira linha do carcinoma de esôfago avançado ou metastático em pacientes com maior expressão de PD-L1
Uma pesquisa inédita da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) expôs um panorama alarmante de desigualdade de gênero e violência no ambiente de trabalho: 50,3% das mulheres oncologistas ouvidas relataram já ter sofrido assédio moral, enquanto 24,7% afirmaram ter sido vítimas de assédio sexual. Entre os homens, esses índices foram de 21,4% e 7,1%, respectivamente.
O estudo, publicado em 23 de abril no periódico científico JCO Global Oncology, contou com a participação de 202 médicos oncologistas e outros profissionais da saúde que atuam na área, sendo 146 mulheres e 56 homens.
Embora mulheres sejam maioria nas escolas de medicina e estejam cada vez mais presentes na oncologia, elas ainda ocupam menos cargos de liderança, ganham menos e enfrentam mais obstáculos para progredir na carreira, indica o estudo.
“Os dados mostram uma disparidade expressiva e a urgência de políticas públicas e institucionais para transformar esse cenário”, afirma a primeira autora da pesquisa, Dra. Daniele Assad Suzuki, que também é oncologista clínica e membro da diretoria da SBOC.
O levantamento mostra, por exemplo, que apenas 13,7% das mulheres ouvidas ocupam cargos de chefia em departamentos de oncologia, contra 30,4% dos homens. A percepção de equidade também difere: enquanto 87,5% dos homens acreditam que há igualdade de direitos no trabalho, apenas 65,5% das mulheres compartilham dessa visão.
A maioria das mulheres (85,1%) defende a criação de políticas específicas para promover igualdade de gênero nos ambientes oncológicos. Entre os homens, esse número cai para 60,8%.
Para a Presidente da SBOC, Dra. Angélica Nogueira, o cenário exige ações estruturais. “Precisamos de metas claras: aumentar a presença feminina em cargos de chefia, garantir representatividade nos espaços de decisão e combater o assédio com medidas firmes e canais de denúncia eficazes”, afirma.
A SBOC propõe como metas elevar para 40% a participação feminina na liderança da oncologia e estabelecer programas de mentoria, capacitação e combate ao assédio. A Sociedade também sugere a inclusão de treinamentos obrigatórios sobre vieses inconscientes e ética nas residências médicas.
“Sem equidade e segurança, não há excelência possível no cuidado com os pacientes nem melhores condições laborais no ambiente médico”, conclui Dra. Suzuki.
Reportagem da Folha de S.Paulo desta segunda-feira (12) destaca os dados do estudo da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), publicado na revista científica JCO Global Oncology, que revela a experiência de discriminação de gênero vivida por médicas oncologistas no Brasil. Segundo o levantamento, 55,5% das mulheres entrevistadas relataram ter sofrido discriminação ao longo da carreira – número muito superior ao dos homens (1,8%). Além disso, 33% das mulheres disseram enfrentar mais dificuldades para conciliar a carreira com a maternidade, frente a 28% dos homens.
O estudo também aponta que 24,9% passaram por assédio sexual, em contraste com 7% dos homens. A Presidente da SBOC, Dra. Angélica Nogueira, destaca que os dados confirmam desigualdades que impactam a formação e ascensão profissional das mulheres na oncologia. A SBOC prepara agora uma série de ações para promover mais equidade de gênero na especialidade. “Queremos ampliar o espaço para mais mulheres na formação da área médica, então produzimos esse levantamento. E, neste ano, estamos preparando workshops e estágios de mentoria com mulheres em comando”, afirma Dra. Angélica Nogueira. “Foi um estudo inédito e, com os dados em mãos, a persistência é não deixar isso morrer. É um ponto de partida para avançarmos.”
Pacientes com câncer, como a cantora Preta Gil, têm buscado tratamento nos EUA devido à maior oferta de terapias inovadoras e ensaios clínicos. A reportagem aponta que, no Brasil, o acesso a novos medicamentos e a protocolos de pesquisa enfrentam entraves como demora na aprovação, exclusão do rol do SUS e baixa disponibilidade para ensaios clínicos.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, a Presidente da SBOC, Dra. Angélica Nogueira, afirmou: “Quando os tratamentos eram mais simples, duas décadas atrás, havia um certo alinhamento entre o público e o privado, mas com essa revolução de novas tecnologias, principalmente novos medicamentos —drogas alvo direcionadas, imunoterapia e ADC [conjugados anticorpo-fármaco]— , a distância aumentou. Nos últimos 20 anos a maioria absoluta dos medicamentos aprovados pela Anvisa no Brasil não entrou no sistema público".
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) promove, até 3 de junho, a Consulta Pública (CP) Nº 155, recebendo contribuições para as recomendações preliminares relacionadas às propostas de atualização do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde.
A tecnologia avaliada em oncologia é:
Selpercatinibe
Indicação: tratamento de pacientes adultos e pediátricos com carcinoma medular de tireoide avançado ou metastático RET positivo (RET+)
O Senado Federal realizou nesta quarta-feira, 30 de abril, uma sessão temática sobre o surgimento e avanço de pesquisas clínicas relacionadas à vacina e ao câncer, bem como sobre o desenvolvimento de medicamentos oncológicos. O encontro foi organizado pela senadora Dra. Eudócia e contou com a presença da Presidente da SBOC, Dra. Angélica Nogueira.
Segundo a senadora, a discussão é necessária uma vez que o avanço nos medicamentos contra tumores e nas vacinas têm demonstrado um impacto significativo na prevenção e no tratamento, reduzindo a mortalidade e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
“A produção nacional de vacinas oncológicas e imunoterápicos é fundamental para garantir sustentabilidade, segurança e soberania sanitária”, disse Dra. Eudócia. “Além disso, a falta de regulamentação clara e a demora na incorporação de tecnologias no Sistema Único de Saúde (SUS) levam a um aumento da judicialização da saúde, o que compromete o orçamento público e gera desigualdade no acesso aos tratamentos”, completou.
A Presidente da SBOC, Dra. Angélica Nogueira ressaltou o Brasil pode ter um protagonismo maior no cenário da pesquisa clínica, aliviando custos no SUS e oferecendo à população tecnologias ainda não disponíveis. Fundamental para que isso aconteça, argumentou, é que haja a regulamentação da Lei 14.874, que trará mais transparência para as pesquisas no Brasil.
“Essa lei trará mais possibilidades da estruturação de centros de pesquisa, com identificação de quem são os pesquisadores e de seus treinamentos, para que o paciente tenha tranquilidade de que está entrando em projetos legítimos que aumentarão a sua possibilidade de cura com segurança”, afirmou a oncologista clínica.
Em um cenário regulamentado, Dra. Angélica acredita que o Brasil pode dobrar imediatamente o número de estudos atuais, podendo ficar entre os 10 países que mais produzem pesquisa clínica no mundo.
“Há uma previsão que, neste cenário, entrariam R$ 5 bilhões ao ano com a atividade econômica envolvida na pesquisa clínica, o que também beneficiaria exames de prevenção, rastreio, diagnóstico e tratamento de pacientes com câncer no Brasil”, detalhou.
Também foi ressaltado o papel da SBOC no apoio e desenvolvimento da pesquisa clínica no Brasil. Neste ano, a entidade está atuando em um grupo de trabalho junto ao Ministério da Saúde dedicado ao tema, com o intuito de fortalecer a pesquisa clínica no SUS. “Estamos à disposição para debater o tema. Já fizemos um grande avanço com a aprovação da lei, agora precisamos regulamentá-la”, adicionou.
Em relação à imunização, outro dos temas da sessão, Dra. Angélica reafirmou a importância da vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV) nas escolas como estratégia de prevenção de tumores. O vírus é um dos principais fatores de risco para o câncer de colo do útero, terceiro em incidência de neoplasias entre a população feminina.
Entre outros convidados, também participaram Dr. Fernando Maluf, representando o Instituto Vencer o Câncer, Dra. Ludhmila Hajjar, professora da Faculdade de Medicina da USP, Dr. Gustavo Guimarães, coordenador em oncologia cirúrgica da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dra. Ilana Freitas, representante da Organização Pan-Americana da Saúde, Dra. Josiane Dias, coordenadora médica da unidade de pesquisa clínica do Hospital do Amor e o senador Rogério Carvalho.
Responsável: Comitê de Tumores Gastrointestinais Alto da SBOC
Data: 15/04/2025
Medicamento: Regorafenibe
Indicação: Tratamento de indivíduos com tumor do estroma gastrointestinal avançado ou metastático após falha ao imatinibe e sunitinibe.