Dra. Ana Carolina Messias (Comitê Multiprofissional da SBOC), Cristiane Decat Bergerot (Coordenadora do Comitê de Cuidados Paliativos da SBOC) e Dra. Camila Kelly Chiodi (Comitê de Cuidados em Sobreviventes da SBOC) falam sobre a importância do cuidado coordenado multidisciplinar na jornada do paciente oncológico.
A reportagem publicada no jornal O Estado de S. Paulo aponta que pacientes com câncer no SUS podem esperar mais de dois anos — em alguns casos, até 11 anos — para ter acesso a medicamentos inovadores já incorporados oficialmente ao sistema público. A presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dra. Angélica Nogueira, ressaltou ao jornal que esse atraso compromete diretamente as chances de vida: “É um atraso que pode representar a diferença entre a cura e a morte, entre a progressão e a estabilização do tumor”.
Dra. Angélica também destacou as consequências emocionais e sociais da demora no acesso: “Do ponto de vista psíquico, é uma angústia grande para o paciente saber que existe um medicamento eficaz, aprovado, mas inacessível. Isso gera sofrimento, depressão e sentimento de abandono para os pacientes e seus familiares”. A SBOC tem dialogado com o Ministério da Saúde por meio de um comitê de assessoramento, propondo critérios de prioridade e base científica para acelerar o acesso.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) promove, até 06 de outubro, a Consulta Pública (CP) Nº 78.
A tecnologia avaliada é:
Vacina recombinante adjuvada
Indicação: Prevenção do Herpes-zóster em idosos com idade ≥ 80 anos e indivíduos imunocomprometidos com idade ≥ 18 anos
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) promove, até 29 de setembro, a Consulta Pública (CP) Nº 161 , recebendo contribuições para as recomendações preliminares relacionadas às propostas de atualização do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde.
A tecnologia avaliada em oncologia é:
Cloridrato de alectinibe
Indicação: Tratamento adjuvante de câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) de estágio IB (tumores =4 cm) até IIIA após ressecção do tumor que seja positivo para quinase de linfoma anaplásico (ALK)
As recentes medidas anunciadas pelo Ministério da Saúde para ampliar o rastreamento e o tratamento do câncer de mama no Sistema Único de Saúde (SUS) vinham sendo discutidas no Comitê de Assessoramento Técnico em Oncologia ao Ministério da Saúde, formado pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e seus especialistas. Esse fórum permanente de diálogo técnico tem sido fundamental para subsidiar, com base em evidências científicas e experiência clínica, as decisões estratégicas que agora chegam à população brasileira.
A Presidente da SBOC, Dra. Angélica Nogueira, participou da coletiva de imprensa em que o Ministério da Saúde anunciou oficialmente novas diretrizes na área oncológica. O evento aconteceu na manhã desta terça-feira, 23 de setembro, na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), em Brasília (DF).
A primeira medida apresentada pelo Dr. José Barreto Campelo Carvalheira, Coordenador-Geral da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, foi a ampliação da faixa etária para rastreamento ativo via mamografia. Agora, o exame é recomendado para mulheres de 50 a 74 anos (antes, até 69 anos), de forma ativa, e não apenas oportunística. Também será realizado a cada dois anos, independentemente da presença de sinais ou sintomas.
Outra incorporação importante é a garantia do acesso de mulheres de 40 a 49 anos à mamografia no SUS, sem sinais ou sintomas e sem periodicidade pré-definida. Além disso, passa a ser assegurado o acesso de pacientes em qualquer faixa etária que apresentem sinais e/ou sintomas sugestivos de câncer de mama.
“O diagnóstico precoce traz mais chances de cura e melhor qualidade de vida”, destacou Dr. Barreto. Ele reforçou ainda que, em qualquer idade, sinais como nódulos mamários ou axilares, alterações no mamilo ou na pele e secreções espontâneas devem levar à busca imediata por atendimento médico.
Essas e outras ações integram o novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do câncer de mama, publicado neste mês, que inaugura uma orientação renovada para o tratamento antineoplásico no SUS.
O documento incorpora avanços como o uso de inibidores de CDK 4/6, trastuzumab entansina, supressão ovariana medicamentosa, hormonioterapia parenteral, fatores estimuladores de colônia em esquemas de dose densa, além da ampliação da quimioterapia neoadjuvante para estádios I a III.
Para a Dra. Angélica, trata-se de um momento histórico. “Sabemos a complexidade e o alto custo de incorporação das medidas anunciadas, mas elas salvam vidas. O rastreamento oportunístico e restrito a uma faixa etária mais limitada, vigente até aqui, não conseguiu reduzir os casos avançados. Precisamos ter coragem de mudar, e essas medidas apontam para um novo caminho capaz de impactar mortalidade e morbidade no país.”
A Presidente da SBOC lembrou que ainda há uma defasagem importante entre os sistemas público e privado. Por isso, a Sociedade entregou, em julho, um ofício defendendo a criação de um grupo de assessoramento técnico para priorização de tecnologias oncológicas. A proposta foi aceita pelo Ministério da Saúde, e as reuniões semanais do Comitê já vêm produzindo recomendações consistentes.
“Também defendemos a centralização de compras, um novo modelo de precificação, revisão técnica das APACs, incorporação de alternativas dentro de um mesmo mecanismo de ação, expansão da capacidade produtiva estatal e estímulo à pesquisa clínica”, listou a oncologista.
Além disso, destacou o papel educativo da SBOC, que tem se colocado à disposição do Executivo para cooperação. “O câncer será a principal causa de morte no Brasil em 2030. É alarmante constatar que mais da metade das escolas médicas do país não tem oncologia como disciplina obrigatória.”
O Ministro da Saúde, Dr. Alexandre Padilha, reiterou a prioridade da Pasta em consolidar no Brasil a maior rede pública de prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer no mundo. O Ministério também anunciou que a imunoterapia para melanoma está em negociação para breve incorporação ao SUS.
A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) participou nesta quinta-feira (18), último dia do 12° Congresso Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), em um debate sobre “Do advocacy à prática: fortalecendo associações de pacientes e superando barreiras no acesso às inovações”, que abordou as barreiras no sistema de saúde, os impactos para pacientes e oncologistas e os caminhos possíveis para superá-las.
Um dos pontos centrais discutidos foi o tempo que leva desde o registro de um medicamento pela Anvisa até sua incorporação pelo sistema público, passando pela análise da Conitec, criação de protocolos, financiamento, aquisição e dispensação. Esses processos frequentemente causam atrasos significativos na disponibilização de terapias para pacientes oncológicos.
A Diretora-Executiva da SBOC, Dra. Marisa Madi comentou sobre os impactos desses atrasos para os médicos. “Os maiores desafios apontados pelos oncologistas estão relacionados ao acesso a medicamentos, o principal instrumento de trabalho desses profissionais”, algo que foi destacado pelo Censo de Oncologia Clínica da SBOC. “Saber que uma terapia está aprovada, mas não disponível, gera frustração e limita o cuidado que podem oferecer aos pacientes”, apontou.
Para enfrentar essas lacunas, a SBOC desenvolveu o Índice de Priorização de Medicamentos. “Esse índice, publicado pela primeira vez em dezembro de 2024 e revisado em julho de 2025 após críticas e sugestões, define prioridades com base em evidência clínica robusta, necessidades não atendidas, inclusão em listas da OMS, custo-efetividade e impacto orçamentário”, explicou Dra. Marisa.
O índice utiliza o score da ESMO como referência, e seu princípio central é o benefício clínico para o paciente. Ele estabelece regras de pontuação, priorização e direcionamento, orientando a atuação da SBOC no processo de incorporação de novas tecnologias e contribuindo para decisões mais consistentes e fundamentadas.
O Representante Regional do Sudeste da SBOC, Dr. Pedro Uson, trouxe exemplos de tecnologias já incorporadas, mas que, ainda se encontram indisponíveis, como a imunoterapia pembrolizumabe. “A aprovação do medicamento foi em 2020 e, mesmo com acesso favorável, 40% dos pacientes não têm acesso. Ou seja, aprovado ou não, na prática isso muitas vezes é indiferente.”
A Presidente e Fundadora do Oncoguia, Luciana Holtz, apontou que muitos medicamentos incorporados não chegam a pacientes com doença em fases avançadas, mesmo já autorizados pela Conitec. Segundo ela, “isso aponta falhas estruturais nas políticas oncológicas. Estamos lidando com o efeito, e não com a causa”. Luciana ressaltou que o tipo de câncer que o paciente tem e o local onde reside ainda podem determinar o tipo de acesso que ele irá receber.
Na mesa, também participaram a jornalista especialista em saúde, Fabiana Cambricoli, o Diretor Médico da biofarmacêutica global Bristol-Myers Squibb, Dr. Roger Miyake, e a Diretora de Acesso ao Mercado da Interfarma, Helaine Capucho.
Com participações da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), começou nesta terça-feira, 16 de setembro, em São Paulo, o 12º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC). O evento, organizado pelo Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, reúne algumas das principais vozes da oncologia nacional, entre gestores, profissionais de saúde e pacientes.
A Presidente da SBOC, Dra. Angélica Nogueira, esteve presente no evento e descreveu a realidade da oncologia brasileira como paradoxal. “Nunca houve tantas opções terapêuticas em oncologia, mas o acesso a elas permanece um desafio crítico”, pontuou.
“A SBOC considera inadmissível o cenário de limitações terapêuticas no SUS, e inadiável a efetivação do plano técnico para viabilizar a incorporação. Nesta linha, foi criado o Comitê de assessoramento da SBOC ao Ministério da Saúde”, disse. “No setor privado, os desafios de acesso também são crescentes e o tema é transversal: começa na autonomia profissional, passa pela sustentabilidade do setor e culmina no direito inalienável do paciente a viver mais e melhor”, completou.
“Que este congresso seja mais um marco no avanço desse debate, unindo ciência, política pública e sociedade civil em torno de um compromisso comum: tornar o cuidado oncológico no Brasil não apenas tecnicamente excelente, mas também justo, acessível e humano”, concluiu a Presidente da SBOC.
Algumas das principais ações da Sociedade de apoio à implementação da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer foram destacadas pelo Diretor da SBOC Dr. William William, durante a mesa de abertura do evento. Entre elas, ele também destacou o estabelecimento recente do canal de comunicação mais direto com o Ministério da Saúde.
Nestas reuniões, que geralmente acontecem todas as semanas, a Sociedade atua como assessora e conselheira do Ministério da Saúde em temas cruciais para o paciente oncológico, incluindo a importância do cuidado integral e multidisciplinar no sistema público.
Uma das ações mais consolidadas da SBOC está na parte assistencial e na reflexão sobre como promover mais acesso dos pacientes com câncer aos tratamentos que estão disponíveis no país, mas não ao alcance de grande parte dos indivíduos. Durante o evento, Dr. William mencionou documento público, produzido recentemente pela SBOC, elencando uma série de tópicos a serem considerados pelos gestores na hora de planejar os cuidados oncológicos no Brasil.
“As propostas incluem a utilização do Índice de Priorização da SBOC para elencar tecnologias que devem ter maior prioridade, a exploração de modelos sustentáveis de distribuição de tecnologias, como compras centralizadas e substituições de medicamentos dentro da mesma classe, e o fomento de parcerias público-privadas para a produção nacional de medicamentos”, resumiu.
O oncologista clínico também lembrou da importância da atuação da SBOC em prol da disseminação de conteúdo científico de qualidade. “Neste ano, a nossa Sociedade está lançando uma plataforma educacional que deixaremos à disposição do Ministério. Além disso, nessa interação com o governo existe atenção especial da SBOC em relação ao fomento da pesquisa clínica em Cacons e Unacons”, relatou.
O debate também contou com a perspectiva de outros especialistas. Dr. Roberto Gil, diretor do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e ex-presidente da SBOC (Gestão 2003-05), ressaltou os desafios da implementação de políticas públicas, muitas vezes influenciadas pelo tempo político. Também reforçou a importância dessas políticas serem perenes e menos vulneráveis a mudanças governamentais.
O oncologista clínico chamou a atenção, ainda, para o problema da falta de dados precisos, já que sistemas muitas vezes registram apenas o tratamento, mas não a jornada do paciente, o que cria um “vício no dado” e um problema para análise e planejamento.
Em sintonia com essa visão, Dr. Nelson Teich, coordenador do Comitê de Políticas Públicas da SBOC, defendeu a necessidade de medir o que realmente faz a diferença para a população, e não apenas movimentos que podem causar a falsa sensação de progresso.
“A gente não pode confundir movimento com progresso”, disse. “É crucial medir o que está ocorrendo com as pessoas. Precisamos medir desfechos clínicos e mortalidade e, assim, garantir que as ações estejam realmente gerando resultados positivos para os pacientes”, argumentou o oncologista clínico e ex-ministro da Saúde, mestre em Economia da Saúde pela Universidade de York.
O evento seguirá até a próxima quinta-feira, 18 de setembro, quando a Diretora-Executiva da SBOC, Dra. Marisa Madi, participará da mesa “Do advocacy à prática: fortalecendo associações de pacientes e superando barreiras no acesso às inovações”.
A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) foi representada por sua Presidente Eleita, Dra. Clarissa Baldotto, em evento do Instituto Nacional de Câncer, no Rio de Janeiro (RJ), realizado nesta quinta-feira, 28 de agosto, para debater estratégias de enfrentamento ao tabagismo e seus impactos na saúde da população.
O encontro, cujo tema foi “Cuidado Integral”, aconteceu em ocasião do Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, com o objetivo de mobilizar e conscientizar a população sobre os impactos sociais, políticos, econômicos e ambientais do tabaco.
Diretor-geral do INCA e ex-presidente da SBOC (Gestão2003-2005), Dr. Roberto de Almeida Gil, afirmou que o momento atual do Brasil exige reflexão. “Após décadas de queda no tabagismo, a gente percebe uma estabilização e uma certa tendência de aumento. É um alerta que temos que analisar”, disse.
Já a chefe da Divisão de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco do Ministério da Saúde, Maria José Giongo, ressaltou: “O tabagismo é uma grave ameaça à saúde global, responsável por mais de 8 milhões de mortes por ano, sendo 1,3 milhão delas decorrentes do tabagismo passivo”.
A especialista explicou ainda que o conceito de cuidado integral, no contexto do tabagismo, envolve reconhecer a dependência da nicotina como um fenômeno influenciado por múltiplos fatores.
“Devemos considerar uma escuta acolhedora e sem julgamentos, avaliação clínica, psicológica e psiquiátrica quando necessário, participação individual ou em grupos de cessação do tabagismo e apoio medicamentoso, se indicado”, completou.
Pesquisador do INCA, André Szklo destacou que o último estudo nacional de referência aponta cerca de 20 milhões de fumantes com 18 anos ou mais no Brasil. “Esse número pode ser ainda maior se incluirmos a população menor de idade, já que cada vez mais jovens têm aumentado sua participação entre os fumantes”, adicionou.
Os dados citados têm como base a última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2019, que serve como norte para a formulação de políticas públicas no âmbito do Sistema Único de Saúde. Szklo chamou atenção também para o aspecto econômico da questão: “o cigarro brasileiro é muito barato, não há pressão econômica sobre esse produto, o que facilita a acessibilidade”.
“O tabagismo interfere no ambiente domiciliar, no ambiente de trabalho e, em última análise, afeta também o planeta. É uma ameaça ao meio ambiente, que impacta diretamente a existência humana”, finalizou.
O debate foi mediado pela jornalista e apresentadora da TV Brasil, Marília Arrigoni, e contou ainda com a participação da especialista da Divisão de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco do INCA, Vera Borges, e da vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD), Carolina Barros Ferreira da Costa.
Neste Agosto Branco, Mês de Conscientização Sobre o Câncer de Pulmão, a SBOC tem reforçado a importância de alertar para os riscos do tabagismo, principal causador da doença e também fator de risco para diversos outros tipos de câncer. Para ampliar esse debate, a Sociedade tem divulgado materiais baseados nos infográficos informativos sobre o tema.