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Com participações da SBOC, São Paulo recebe 12º Congresso Todos Juntos contra o Câncer

Notícias Terça, 16 Setembro 2025 22:46

Com participações da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), começou nesta terça-feira, 16 de setembro, em São Paulo, o 12º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC). O evento, organizado pelo Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, reúne algumas das principais vozes da oncologia nacional, entre gestores, profissionais de saúde e pacientes.

A Presidente da SBOC, Dra. Angélica Nogueira, esteve presente no evento e descreveu a realidade da oncologia brasileira como paradoxal. “Nunca houve tantas opções terapêuticas em oncologia, mas o acesso a elas permanece um desafio crítico”, pontuou.

“A SBOC considera inadmissível o cenário de limitações terapêuticas no SUS, e inadiável a efetivação do plano técnico para viabilizar a incorporação. Nesta linha, foi criado o Comitê de assessoramento da SBOC ao Ministério da Saúde”, disse. “No setor privado, os desafios de acesso também são crescentes e o tema é transversal: começa na autonomia profissional, passa pela sustentabilidade do setor e culmina no direito inalienável do paciente a viver mais e melhor”, completou.

“Que este congresso seja mais um marco no avanço desse debate, unindo ciência, política pública e sociedade civil em torno de um compromisso comum: tornar o cuidado oncológico no Brasil não apenas tecnicamente excelente, mas também justo, acessível e humano”, concluiu a Presidente da SBOC.

Algumas das principais ações da Sociedade de apoio à implementação da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer foram destacadas pelo Diretor da SBOC Dr. William William, durante a mesa de abertura do evento. Entre elas, ele também destacou o estabelecimento recente do canal de comunicação mais direto com o Ministério da Saúde.

Nestas reuniões, que geralmente acontecem todas as semanas, a Sociedade atua como assessora e conselheira do Ministério da Saúde em temas cruciais para o paciente oncológico, incluindo a importância do cuidado integral e multidisciplinar no sistema público.

Uma das ações mais consolidadas da SBOC está na parte assistencial e na reflexão sobre como promover mais acesso dos pacientes com câncer aos tratamentos que estão disponíveis no país, mas não ao alcance de grande parte dos indivíduos. Durante o evento, Dr. William mencionou documento público, produzido recentemente pela SBOC, elencando uma série de tópicos a serem considerados pelos gestores na hora de planejar os cuidados oncológicos no Brasil.

“As propostas incluem a utilização do Índice de Priorização da SBOC para elencar tecnologias que devem ter maior prioridade, a exploração de modelos sustentáveis de distribuição de tecnologias, como compras centralizadas e substituições de medicamentos dentro da mesma classe, e o fomento de parcerias público-privadas para a produção nacional de medicamentos”, resumiu.

O oncologista clínico também lembrou da importância da atuação da SBOC em prol da disseminação de conteúdo científico de qualidade. “Neste ano, a nossa Sociedade está lançando uma plataforma educacional que deixaremos à disposição do Ministério. Além disso, nessa interação com o governo existe atenção especial da SBOC em relação ao fomento da pesquisa clínica em Cacons e Unacons”, relatou.

O debate também contou com a perspectiva de outros especialistas. Dr. Roberto Gil, diretor do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e ex-presidente da SBOC (Gestão 2003-05), ressaltou os desafios da implementação de políticas públicas, muitas vezes influenciadas pelo tempo político. Também reforçou a importância dessas políticas serem perenes e menos vulneráveis a mudanças governamentais.

O oncologista clínico chamou a atenção, ainda, para o problema da falta de dados precisos, já que sistemas muitas vezes registram apenas o tratamento, mas não a jornada do paciente, o que cria um “vício no dado” e um problema para análise e planejamento.

Em sintonia com essa visão, Dr. Nelson Teich, coordenador do Comitê de Políticas Públicas da SBOC, defendeu a necessidade de medir o que realmente faz a diferença para a população, e não apenas movimentos que podem causar a falsa sensação de progresso.

“A gente não pode confundir movimento com progresso”, disse. “É crucial medir o que está ocorrendo com as pessoas. Precisamos medir desfechos clínicos e mortalidade e, assim, garantir que as ações estejam realmente gerando resultados positivos para os pacientes”, argumentou o oncologista clínico e ex-ministro da Saúde, mestre em Economia da Saúde pela Universidade de York.

O evento seguirá até a próxima quinta-feira, 18 de setembro, quando a Diretora-Executiva da SBOC, Dra. Marisa Madi, participará da mesa “Do advocacy à prática: fortalecendo associações de pacientes e superando barreiras no acesso às inovações”.

Última modificação em Terça, 16 Setembro 2025 22:51

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