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Equipe Grano

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A Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dra. Angélica Nogueira, defendeu a importância da vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV) como principal ferramenta para a eliminação do câncer colo de útero no Brasil. A declaração foi realizada na manhã desta sexta-feira, 31 de outubro, durante o Fórum Estadão Think, realizado pelo jornal em São Paulo (SP).

O encontro teve como tema “Unindo Forças no Combate ao Câncer do Colo de Útero” e reuniu atores de diferentes instituições de saúde e da sociedade civil para discutir meios de fortalecer a prevenção contra estes tumores – o terceiro mais incidente entre as brasileiras, com mais de 17 mil casos ao ano.

Questionada sobre o papel das sociedades médicas diante desse desafio, Dra. Angélica afirmou que cabe aos médicos acompanhar se há adequada condução de estudos clínicos sobre o tema, bem como analisar os dados de vida real e disseminar informações científicas de qualidade.

“A Organização Mundial de Saúde (OMS) reafirma a segurança e eficácia das vacinas contra o HPV e é papel das Sociedades de especialidades difundir essa informação. Os médicos precisam prescrever vacinas e falar sobre isso no consultório e nas redes sociais. Há muita desinformação, então quem tem a informação correta precisa se manifestar”, apontou a oncologista clínica.

Ela também mencionou o Movimento Brasil Sem Câncer de Colo do Útero, criado em 2020, que reúne instituições médicas e da sociedade civil. O grupo atua no combate à desinformação e na produção do Radar de Câncer de Colo do Útero – o primeiro corpo de dados sobre o tema –, que foi apresentada ao Ministério em novembro último e será, novamente, levado à pasta este ano.

Rastreamento

A Presidente da SBOC afirmou que há duas incorporações que têm mudado o panorama do câncer de colo do útero no Brasil. A primeira é o retorno da vacinação contra o HPV na rede de escolas públicas. A outra é a incorporação do exame HPV-DNA, teste molecular que detecta o material genético do vírus, sendo mais sensível que o Papanicolau.

“Esses movimentos do Governo trazem a perspectiva real de eliminarmos o câncer de colo do útero, que segundo a OMS é quando temos menos de quatro casos da doença a cada 100 mil habitantes”, detalhou Dra. Angélica.

A especialista também lembrou que o Brasil tem que ter estratégias para essa eliminação, não apenas as novas ferramentas. “Temos a vacina para prevenção primária e as melhores tecnologias incorporadas. Nosso receio é como garantir adesão da população. Temos possibilidades como uso de inteligência artificial e a integração das redes do Sistema Único de Saúde que poderão ajudar no alavancamento da adesão”, disse a Presidente da SBOC.

Dra. Angélica participou do painel “A importância da União de Esforços no Combate ao Câncer de Colo de Útero”, ao lado do Secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Dr. Mozart Sales, da diretora de Parcerias do Grupo Mulheres do Brasil, Dra. Fabiana Peroni, a diretora do Instituto Vencer o Câncer, e a jornalista do Estadão Rita Lisauskas. Ao longo da manhã, o evento do Estadão também debateu os avanços na prevenção ao HPV, estratégias de rastreamento e diagnóstico precoce, tratamento e conscientização.

Vem aí mais uma Festa de Confraternização da SBOC! Pela primeira vez, os associados foram convidados a indicarem seus estilos musicais favoritos e o resultado foi a criação de uma lista eclética de atrações. São elas:

Neste ano, parte do valor arrecadado com os ingressos será destinado a um projeto extra submetido ao Fundo de Incentivo à Pesquisa (FIP) - iniciativa da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica que tem financiado projetos de pesquisa com impactos sociais.

O valor do ingresso é de R$ 100, mas também há a possibilidade de fazer doações extras para o FIP, pagando pelo ingresso R$ 150 ou R$ 200.

A venda antecipada de ingressos já está disponível no Portal do Associado, exclusivamente para Associados SBOC Ativos. Diante da disponibilidade, informaremos em breve sobre a para acompanhantes de associados e não associados!

A festa acontecerá em 07 de novembro, no Windsor Barra Hotel (Av. Lúcio Costa, 2630 - Barra da Tijuca, RJ), às 19h30.

Para quem precisar de transporte para chegar ao local da festa, haverá transfer de ida às 19h, 19h30 e 20h30, passando pelos hotéis Mercure Barra, Ibis Barra, Laguetto Lifestyle, Regency Barra, Windsor Marapendi, Grand Hyatt, Laguetto Stilo Barra e Radisson; e de volta às 22h30, 23h e 0h.

 

Como adquirir o ingresso?

1) Faça login no Portal Associativo da SBOC 

2) Clique em Confraternização SBOC (Menu à esquerda)

3) Escolha o seu Ingresso + Valor da Doação e clique em Finalizar Compra (canto inferior da página)

4) Clique em Financeiro (Menu à esquerda) e realize o pagamento via cartão de crédito ou PIX

COMUNICADO OFICIAL

Notícias Quarta, 29 Outubro 2025 17:07

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) vêm trabalhando com afinco na organização da V Semana Brasileira da Oncologia, assim como dos seus respectivos Congressos, que serão realizados entre os dias 05 a 08 de novembro nas dependências do Complexo de Eventos dos Hotéis Windsor (Barra e Oceânico), na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro.

Desde terça-feira (28 de outubro), quando tomaram conhecimento sobre as notícias de violências ocorridas na zona norte da cidade, nossas equipes administrativas, bem como Presidências e Coordenadores dos Congressos, passaram a acompanhar atentamente aos fatos e possíveis consequências. 

Medidas de maior atenção e segurança no entorno do evento já estão sendo alinhadas com as organizadoras, Hotéis Windsor, autoridades locais e agências de viagens. Estamos ainda acompanhando a realização de outro Congresso médico que está sendo realizado no mesmo local durante esta semana; e o mesmo faremos com outros grandes eventos nacionais e internacionais que acontecerão na cidade nos próximos dias.

Permanecemos atentos à situação, envidando esforços extras e buscando o máximo de segurança possível para os congressistas. Diante de novidades, informaremos todos os envolvidos nos eventos com seriedade e transparência.

 

Cordialmente,

Dra. Angélica Nogueira Rodrigues
Presidente da SBOC

Dr. Rodrigo Nascimento Pinheiro
Presidente da SBCO

O Hospital de Amor de Barretos (SP) é o mais novo centro a integrar o Programa de Capacitação em Pesquisa Clínica da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Com mais de seis décadas de história, o hospital é reconhecido por sua excelência em tecnologia e cuidado humanizado, sendo um dos maiores polos de tratamento oncológico gratuito da América Latina.

Ele se junta às unidades que já faziam parte do Programa: Centro de Pesquisa Clínica em Oncologia de Ijuí (Oncosite), Divisão de Pesquisa Clínica do INCA, Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor). Todos sediarão visitas guiadas dos candidatos aprovados na iniciativa, que farão uma imersão em pesquisa clínica conhecendo de perto a rotina dessas instituições.

Segundo Dayana Mendes Ribeiro, coordenadora médica da Unidade de Pesquisa Clínica do Hospital de Amor, a pesquisa clínica desempenha um papel essencial no desenvolvimento científico e na qualificação do atendimento da instituição. “Por meio desses estudos, avançamos no conhecimento médico, aprimoramos protocolos e oferecemos tratamentos mais eficazes e seguros aos nossos pacientes”, diz.

Ela afirma, ainda, que a oportunidade proporcionada pelo Programa permite que os associados da Sociedade conheçam de perto a estrutura e os processos envolvidos na condução de pesquisas clínicas, promovendo o apndizado prático e a troca de experiências, elementos fundamentais para a formação contínua dos profissionais da área.

“Agradecemos à SBOC pela confiança e pela iniciativa, que certamente contribuirá para fortalecer a integração entre as instituições e impulsionar ainda mais o desenvolvimento da pesquisa clínica no país”, completa Dayana.  

Criado em 2018, em parceria com o Centro de Pesquisa Clínica em Oncologia do Hospital de Caridade de Ijuí (Oncosite), o Programa tem como objetivo incentivar a estruturação de serviços voltados à pesquisa clínica oncológica ao redor do Brasil. Além das visitas guiadas em centros de referência, os 15 candidatos selecionados terão acesso a um curso teórico de introdução no tema.

 

Natural de Paranavaí (PR), Paulo M. Hoff é médico, pesquisador e professor. Em 1991, graduou-se em medicina pela Universidade de Brasília e, em seguida, realizou residência em medicina interna no Jackson Memorial Hospital, da University of Miami.

Entre 1995 e 1998, concluiu a especialização em hematologia no Baylor College of Medicine e em oncologia no M.D. Anderson Cancer Center, centro vinculado à Universidade do Texas, onde também realizou seu pós-doutorado.

De 1998 a 2000, atuou como professor associado e vice-coordenador do Departamento de Oncologia Gastrointestinal do M.D. Anderson Cancer Center. De volta ao Brasil, obteve o título de doutor em ciências pela Universidade de São Paulo (2007) e, no ano seguinte, conquistou a livre-docência pela mesma instituição (2008).

Atualmente, é Professor Titular da disciplina de Oncologia Clínica do Departamento de Radiologia e Oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Presidente da Oncologia D’Or, Diretor Técnico da Divisão de Oncologia e membro do Conselho Diretor do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). Também é membro titular da Academia Nacional de Medicina, ocupando a cadeira de número 58.

É associado SBOC desde 1999 e foi presidente da instituição na gestão de 2021-2022, além de membro de outras instituições internacionais, como a American Society of Clinical Oncology (ASCO) e European Society for Medical Oncology (ESMO).

Com mais de 300 artigos publicados e centenas de citações em pesquisas científicas, o oncologista tem contribuído de forma expressiva para o avanço da oncologia no país. Sua contribuição também se estende à literatura médica, com dez livros publicados, entre eles, o Tratado de Oncologia, vencedor do Prêmio Jabuti de 2014 na categoria Melhor Obra Acadêmica e Científica.

Pelo conjunto de sua trajetória, ele recebe neste ano o Prêmio Ronaldo Ribeiro de Carreira em Oncologia Clínica. Este é o mais tradicional prêmio da SBOC, criado em 2017 em homenagem ao cientista e oncologista clínico fortalezense falecido em 2015 e o maior reconhecimento da entidade a profissionais líderes em sua área de atuação, tendo exercido cargos ou atividades importantes em oncologia clínica.

Os vencedores anteriores desse prêmio foram Dr. Wadih Arap (2017), Dr. Jorge Sabbaga (2019), Dr. Antônio Carlos Buzaid (2021), Dr. Auro del Giglio (2022), Dr. Nelson Teich (2023) e Dr. Carlos Simon (2024).

Prof. Dr. Paulo Marcelo Gehm Hoff e os demais contemplados pelos Prêmios SBOC 2025 serão homenageados na sessão plenária do XXVI Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica.

A SBOC conversou com o Prof. Dr. Paulo Marcelo Gehm Hoff e fez a ele três perguntas sobre sua trajetória na especialidade. Confira a seguir:

Como a oncologia surgiu na sua vida e por que escolheu esta especialidade?

Desde pequeno tinha um grande interesse em ciência e em ajudar o próximo, o que eventualmente me levou a estudar medicina. Ao entrar na faculdade tive a oportunidade de visitar meu padrinho, que faleceria por câncer logo em seguida, e a experiência foi muito impactante. Durante a minha residência em Clínica Médica essa memória foi acordada quando fui exposto a disciplina de Oncologia, e pude ver como é uma especialidade fascinante. O conhecimento era muito limitado, mas já havia um interesse enorme na área, indicando que seria uma especialidade que me permitiria muitas oportunidades para estudo e pesquisa. Além disso, pude ver que é uma das áreas da Medicina que mais exige esforço e conhecimento clínico, mas que pode ter um impacto muito positivo na vida de pacientes e familiares.

Na sua opinião, qual será o futuro da oncologia clínica?

A oncologia mudou dramaticamente desde minha residência, e hoje temos exames e tratamentos com que nem sonhávamos poucas décadas atrás. Acredito que continuaremos avançando cada vez mais rápido, nas áreas de prevenção, diagnóstico e tratamento. A combinação de biópsias líquidas, patologia molecular, inteligência artificial e novas modalidades terapêuticas devem alterar para melhor, e muito, os resultados para nossos pacientes. O câncer não deve desaparecer nem deixar de ser um problema de saúde pública no futuro próximo, mas já temos conhecimento e tecnologia para começarmos a inverter as curvas de incidência e de desfechos desfavoráveis. O grande desafio será garantir que todos tenham acesso a essas inovações.

Poderia nos indicar alguma frase, música, poema ou qualquer outro trecho de texto que você goste muito?

“Se não fosse pela grande variabilidade entre indivíduos, a Medicina poderia ser uma ciência e não uma arte.” Gosto muito dessa frase do [médico canadense] Sir William Osler, porque mostra que ele já entendia a complexidade dos processos patológicos, e que a individualização do tratamento é muito difícil, mas fundamental. Para nossa sorte, com as novas tecnologias de avaliação molecular, dos pacientes e dos tumores, e do uso intenso de inteligência artificial, possivelmente com ajuda de redes neurais, finalmente temos a oportunidade de fazer cada vez mais ciência, sem esquecer da arte.

Nascido no Uruguai, Carlos Barrios graduou-se em medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre. Fez Residência em Clínica Médica pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pelo Jackson Memorial Hospital, da University of Miami. Ainda nos Estados Unidos, fez especialização em hematologia e oncologia, com certificação da American Board of Internal Medicine (ABIM), nos hospitais Barnes e Jewish, vinculados a Washington University, em Saint Louis. 

Desde 1996, é diretor e pesquisador do Centro de Pesquisa em Oncologia do Hospital São Lucas, da mesma instituição; participou de mais de 300 ensaios clínicos ao longo dos últimos 25 anos; e é co-fundador e atual presidente da Latin American Cooperative Oncology Group (LACOG).

Ao longo da carreira, Dr. Barrios tem concentrado sua atuação clínica e científica no tratamento e na pesquisa do câncer de mama. É autor de diversos artigos e apresentações em congressos científicos internacionais. Em 2024, foi incluído na lista Highly Cited Researchers da Clarivate, que reconhece os 1% de pesquisadores mais citados do mundo na área de medicina. 

Segundo o Google Scholar, Dr. Barrios já foi citado cientificamente mais de 73 mil vezes, números esses que refletem sua relevância e contribuição para o avanço da pesquisa em oncologia clínica. Em reconhecimento à sua dedicação à área, foi o primeiro a ser contemplado com a nova categoria dos Prêmios SBOC: o Prêmio de Pesquisa. 

Associado SBOC desde 1990, ele também integra diversas organizações médicas, como a American Society of Clinical Oncology (ASCO), European Society of Medical Oncology (ESMO), American Association for Cancer Research (AACR), Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama (GBECAM), Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT) e International Association for the Study of Lung Cancer (IASLC). 

Em conversa com a SBOC para a revista Oncologia&Oncologistas, Dr. Barrios contou que encontrou na medicina uma maneira de se engajar, em um momento histórico que o Uruguai passava por um golpe militar que fechou a faculdade na qual cursava medicina. “Enfrentar o sofrimento alheio e se posicionar como alguém que pode ajudar a superá-lo foi o que me levou, primeiro, à medicina e, anos depois, à oncologia clínica”, contou.

Sobre o seu envolvimento com pesquisa, afirma que surgiu da necessidade de beneficiar pacientes que não tinham alternativas de tratamento ou cuidado. "Seja porque o que havia disponível já se esgotara ou, como costuma ser para a maioria das pessoas que enfrentam um câncer em países como o Brasil, porque não se tem acesso às melhores terapias. Ainda que, eventualmente, as terapias experimentadas na pesquisa clínica não funcionem plenamente ou que a área careça de maior estímulo, oferecemos esperança e isso pode fazer toda a diferença."

Uma de suas paixões foi o futebol. Dr. Barrios jogava nas categorias inferiores do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. No 3º ano da graduação, precisou fazer uma escolha: jogar um campeonato em São Paulo ou aproveitar a praia para descansar da demanda como estudante. Decidiu pela praia e pela medicina. Uma música que o inspira é "Viva La Vida", da banda inglesa Coldplay.

A Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dra. Angélica Nogueira, participou nesta quarta-feira, 22 de outubro, em Brasília (DF), do anúncio do Ministério da Saúde do Componente da Assistência Farmacêutica em Oncologia (AF-ONCO). O novo mecanismo é uma das frentes da reformulação da oncologia no Sistema Único de Saúde – iniciada com a instituição da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer – e foi criada como estratégia do Executivo para organizar o acesso a medicamentos oncológicos, garantindo a integralidade do tratamento medicamentoso na atenção contra o câncer. Para isso, a AF-ONCO irá se basear nas linhas de cuidado priorizadas nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs) do Ministério da Saúde.

Um dos principais pontos da portaria é a priorização de quais tecnologias devem ser submetidas à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). Os critérios são múltiplos e cumulativos: gravidade da condição clínica e carga da doença; existência de lacunas terapêuticas ou alternativas clínicas disponíveis; potencial ganho de sobrevida ou qualidade de vida; custo-efetividade e impacto orçamentário; viabilidade logística e capacidade de monitoramento; e índices de judialização.

Muitos desses pontos demonstram proximidade conceitual e metodológica com o Índice de Priorização de Medicamentos da SBOC – documento utilizado pelos especialistas da entidade como base para apoiar ou não a incorporação de novos fármacos em consultas públicas relativas ao tratamento oncológico.

“Em nome da SBOC, expresso nosso reconhecimento por esta portaria, um marco histórico ao integrar de forma definitiva o tratamento medicamentoso oncológico no SUS”, introduziu Dra. Angélica. “Uma medida que representa um ato de maturidade e responsabilidade pública ao organizar e garantir acesso regular a medicamentos em base de critérios técnicos, protocolos e diretrizes terapêuticas”, completou.

O êxito dessa política, na avaliação da oncologista clínica, dependerá sobretudo da qualidade e da atualização contínua dos PCDTs, que passam a ser a espinha dorsal da assistência oncológica. “A SBOC reafirma a sua disposição de colaborar tecnicamente com o Ministério da Saúde, contribuindo na elaboração e revisão dos Protocolos, com a experiência de quem está à frente do cuidado diário dos pacientes”, afirmou Dra. Angélica.

A nova portaria também detalha e formaliza três modelos de aquisição de medicamento, com o objetivo de otimizar o processo de compra. Medicamentos com detentor único de patente, alto impacto orçamentário e de neoplasias de alta complexidade ou maior incidência terão aquisição centralizada pelo Ministério da Saúde.

Também haverá medicamentos adquiridos a partir de negociação nacional, ou seja, coordenada pelo Executivo, mas com participação e execução feita pelas Secretarias de Saúde dos Estados; e a aquisição descentralizada, que será de responsabilidade dos estados e municípios, desde que estes tenham serviços oncológicos habilitados em operação.

Será estabelecido, em até 60 dias, um novo modelo de Autorização de Procedimento Ambulatorial de Alta Complexidade/Custo (APAC) exclusivamente relacionado a medicamento oncológico por meio de ato normativo da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde. A revisão das APACs era outra demanda da SBOC.

A portaria instituiu, ainda, que todos os medicamentos oncológicos já financiados e disponíveis no SUS serão incluídos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), assim como os novos que serão disponibilizados após a publicação.

A Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dra. Angélica Nogueira, defendeu a importância de programas de rastreamento organizados no país nesta terça-feira, 21 de outubro, durante o Estadão Summit Saúde 2025 – Os desafios de viver mais, realizado pelo jornal em São Paulo (SP).

Participando do primeiro painel do dia – dedicado ao rastreamento de tumores – a oncologista clínica afirmou que o Brasil precisa urgentemente superar as barreiras de desinformação e de organização do sistema de saúde para melhorar as taxas de rastreamento de câncer e, consequente, diminuir as taxas de incidência e mortalidade.

Em apenas três estados brasileiros, exemplificou Dra. Angélica, a cobertura de mamografia passa de 30% do público-alvo, ainda que haja numericamente mamógrafos suficientes para todas realizarem o exame. A falta de adesão também se repete na prevenção do câncer de colo do útero: menos de 20% das mulheres realizam o exame Papanicolau com o intervalo trianual defendido pelo Ministério da Saúde.

Nesses casos, o problema mais do que acesso é a conscientização populacional e a organização do sistema. Citando pesquisa do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), que entrevistou 600 pacientes de câncer de colo do útero, ela indicou que acesso não esteva entre as três principais barreiras defendidas pela para realizar o Papanicolau. As respostas mais recorrentes foram desconhecimento, vergonha ou atribuir pouca importância ao exame.

“Se eu tenho vergonha ou acho pouco importante um exame que evita o terceiro câncer mais comum na mulher, eu não tenho conhecimento suficiente. A gente tem que conscientizar a população e estruturar um rastreio organizado, no qual a mulher seja alertada regularmente sobre os exames a serem realizados, pois o rastreio oportunístico não tem consigo atingir a cobertura necessária”, argumentou a Presidente da SBOC. Ela apontou que a integração das plataformas do SUS e ferramentas de inteligência artificial podem ser aliadas para avisar que as mulheres que se encaixam nos critérios de rastreio sobre não estarem com os exames em dia.

“Igualmente em relação à mamografia. A mulher não sabe se fez o exame há cinco ou dois anos. Agora, o Ministério da Saúde definiu que o rastreio acima dos 50 anos passa a ser organizado e não oportunístico”, disse. “Ou seja, o sistema de saúde passa a ser envolvido para enviar alertas às pacientes. Sem alerta e conscientização, não mudamos essa história”, completou Dra. Angélica.

Câncer colorretal: próxima prioridade

A oncologista clínica também enfatizou a necessidade de o Brasil adotar, com urgência, um programa de rastreamento para o câncer colorretal, que já é o segundo mais incidente na população brasileira, com mais de 45mil casos anuais. Essa tem sido, comentou, uma das pautas do comitê da SBOC junto ao Ministério da Saúde, que discute as principais necessidades dos cuidados com o câncer para o país.

Sobre a melhor estratégia, considerando-se custox benefício, ela defendeu o rastreamento a partir dos 45 anos e a implementação do exame de sangue oculto nas fezes, com a colonoscopia como ferramenta aliada. “Acredito que essa deverá ser a opção do Ministério da Saúde. A SBOC entende esse tema como prioritário e tem dialogado com o ministério para isso ser colocado em prática”, complementou Dra. Angélica.

Antes do final do painel, a oncologista clínica reforçou algumas medidas preventivas gerais que servem para homens e mulheres: realizar dieta e atividade física, não fumar, consumir o mínimo de álcool possível e manter as vacinações em dia – principalmente as de hepatite e de HPV.

Sobre os exames preventivos essenciais com evidência para redução de doença avançada e/ou mortalidade, defendeu: mamografia anual para mulheres a partir de 40 anos; Papanicolau de três em três anos após dois exames negativos ou teste de HPV-DNA a partir dos 30 anos; rastreio do câncer colorretal com PSOF ou colonoscopia a partir dos 45 anos; rastreio de câncer de pulmão para fumantes e ex-fumantes com alta carga tabágica; e discussão individualizada com o urologista a partir dos 40 anos para rastreio de câncer de próstata. “Com isso, homens e mulheres estamos fazendo o que existe de evidência para redução de incidência e mortalidade por câncer”, concluiu Dra. Angélica.

Graduada em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 1991, Dra. Clarissa Mathias fez residência médica em Oncologia e Hematologia pelo Medical College of Pennsylvania e pela University of Pennsylvania, nos Estados Unidos; doutorado em Medicina e Saúde pela UFBA; e MBA em Gestão da Saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Primeira mulher brasileira a integrar o grupo global de especialistas do Fellow of the American Society of Clinical Oncology (FASCO), da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), Dra. Clarissa foi a segunda mulher a presidir a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) – cargo que ocupou de 2019 e 2021, quando idealizou e liderou o Comitê de Lideranças Femininas. Sua trajetória inclui ainda a presidência do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT) e do Comitê Internacional da ASCO.

Atualmente, atua como oncologista clínica no Grupo Oncoclínicas, onde também lidera estudos clínicos, além de ser membro do Conselho da International Association for the Study of Lung Cancer (IASLC) e do Comitê de Mulheres para Oncologia da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO).

Além de prestígio profissional e grande apreço por parte dos seus pacientes, Dra. Clarissa é reconhecida internacionalmente pela defesa da equidade de gênero na oncologia – características que a fez ser agraciada pelo Prêmio SBOC de Protagonismo Feminino na Oncologia.

Nos anos anteriores, receberam essa premiação a Dra. Angelita Gama (2019), Dra. Rachel Riechelmann (2021), Dra. Aline Lauda Freitas Chaves (2022), Dra. Patricia Ashton-Prolla (2023) e Dra. Andreia Melo (2024).

A SBOC conversou com Dra. Clarissa e fez a ela três perguntas sobre sua trajetória científica. Confira a seguir:

Como a oncologia surgiu na sua vida e por que escolheu esta especialidade?

No quinto ano de medicina, realizei um estágio em um laboratório de biologia molecular em Paris e me apaixonei por oncologia.

Na sua opinião, qual será o futuro da oncologia clínica?

Cada dia mais uma oncologia personalizada que deve ser realizada com compaixão e cuidado.

Uma frase, música ou poema que a inspire:

“Se te faz feliz ver o voo do outro, você entendeu tudo.”

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