O Senado Federal realizou nesta quarta-feira, 30 de abril, uma sessão temática sobre o surgimento e avanço de pesquisas clínicas relacionadas à vacina e ao câncer, bem como sobre o desenvolvimento de medicamentos oncológicos. O encontro foi organizado pela senadora Dra. Eudócia e contou com a presença da Presidente da SBOC, Dra. Angélica Nogueira.
Segundo a senadora, a discussão é necessária uma vez que o avanço nos medicamentos contra tumores e nas vacinas têm demonstrado um impacto significativo na prevenção e no tratamento, reduzindo a mortalidade e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
“A produção nacional de vacinas oncológicas e imunoterápicos é fundamental para garantir sustentabilidade, segurança e soberania sanitária”, disse Dra. Eudócia. “Além disso, a falta de regulamentação clara e a demora na incorporação de tecnologias no Sistema Único de Saúde (SUS) levam a um aumento da judicialização da saúde, o que compromete o orçamento público e gera desigualdade no acesso aos tratamentos”, completou.
A Presidente da SBOC, Dra. Angélica Nogueira ressaltou o Brasil pode ter um protagonismo maior no cenário da pesquisa clínica, aliviando custos no SUS e oferecendo à população tecnologias ainda não disponíveis. Fundamental para que isso aconteça, argumentou, é que haja a regulamentação da Lei 14.874, que trará mais transparência para as pesquisas no Brasil.
“Essa lei trará mais possibilidades da estruturação de centros de pesquisa, com identificação de quem são os pesquisadores e de seus treinamentos, para que o paciente tenha tranquilidade de que está entrando em projetos legítimos que aumentarão a sua possibilidade de cura com segurança”, afirmou a oncologista clínica.
Em um cenário regulamentado, Dra. Angélica acredita que o Brasil pode dobrar imediatamente o número de estudos atuais, podendo ficar entre os 10 países que mais produzem pesquisa clínica no mundo.
“Há uma previsão que, neste cenário, entrariam R$ 5 bilhões ao ano com a atividade econômica envolvida na pesquisa clínica, o que também beneficiaria exames de prevenção, rastreio, diagnóstico e tratamento de pacientes com câncer no Brasil”, detalhou.
Também foi ressaltado o papel da SBOC no apoio e desenvolvimento da pesquisa clínica no Brasil. Neste ano, a entidade está atuando em um grupo de trabalho junto ao Ministério da Saúde dedicado ao tema, com o intuito de fortalecer a pesquisa clínica no SUS. “Estamos à disposição para debater o tema. Já fizemos um grande avanço com a aprovação da lei, agora precisamos regulamentá-la”, adicionou.
Em relação à imunização, outro dos temas da sessão, Dra. Angélica reafirmou a importância da vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV) nas escolas como estratégia de prevenção de tumores. O vírus é um dos principais fatores de risco para o câncer de colo do útero, terceiro em incidência de neoplasias entre a população feminina.
Entre outros convidados, também participaram Dr. Fernando Maluf, representando o Instituto Vencer o Câncer, Dra. Ludhmila Hajjar, professora da Faculdade de Medicina da USP, Dr. Gustavo Guimarães, coordenador em oncologia cirúrgica da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dra. Ilana Freitas, representante da Organização Pan-Americana da Saúde, Dra. Josiane Dias, coordenadora médica da unidade de pesquisa clínica do Hospital do Amor e o senador Rogério Carvalho.