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Natural de Paranavaí (PR), Paulo M. Hoff é médico, pesquisador e professor. Em 1991, graduou-se em medicina pela Universidade de Brasília e, em seguida, realizou residência em medicina interna no Jackson Memorial Hospital, da University of Miami.
Entre 1995 e 1998, concluiu a especialização em hematologia no Baylor College of Medicine e em oncologia no M.D. Anderson Cancer Center, centro vinculado à Universidade do Texas, onde também realizou seu pós-doutorado.
De 1998 a 2000, atuou como professor associado e vice-coordenador do Departamento de Oncologia Gastrointestinal do M.D. Anderson Cancer Center. De volta ao Brasil, obteve o título de doutor em ciências pela Universidade de São Paulo (2007) e, no ano seguinte, conquistou a livre-docência pela mesma instituição (2008).
Atualmente, é Professor Titular da disciplina de Oncologia Clínica do Departamento de Radiologia e Oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Presidente da Oncologia D’Or, Diretor Técnico da Divisão de Oncologia e membro do Conselho Diretor do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). Também é membro titular da Academia Nacional de Medicina, ocupando a cadeira de número 58.
É associado SBOC desde 1999 e foi presidente da instituição na gestão de 2021-2022, além de membro de outras instituições internacionais, como a American Society of Clinical Oncology (ASCO) e European Society for Medical Oncology (ESMO).
Com mais de 300 artigos publicados e centenas de citações em pesquisas científicas, o oncologista tem contribuído de forma expressiva para o avanço da oncologia no país. Sua contribuição também se estende à literatura médica, com dez livros publicados, entre eles, o Tratado de Oncologia, vencedor do Prêmio Jabuti de 2014 na categoria Melhor Obra Acadêmica e Científica.
Pelo conjunto de sua trajetória, ele recebe neste ano o Prêmio Ronaldo Ribeiro de Carreira em Oncologia Clínica. Este é o mais tradicional prêmio da SBOC, criado em 2017 em homenagem ao cientista e oncologista clínico fortalezense falecido em 2015 e o maior reconhecimento da entidade a profissionais líderes em sua área de atuação, tendo exercido cargos ou atividades importantes em oncologia clínica.
Os vencedores anteriores desse prêmio foram Dr. Wadih Arap (2017), Dr. Jorge Sabbaga (2019), Dr. Antônio Carlos Buzaid (2021), Dr. Auro del Giglio (2022), Dr. Nelson Teich (2023) e Dr. Carlos Simon (2024).
Prof. Dr. Paulo Marcelo Gehm Hoff e os demais contemplados pelos Prêmios SBOC 2025 serão homenageados na sessão plenária do XXVI Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica.
A SBOC conversou com o Prof. Dr. Paulo Marcelo Gehm Hoff e fez a ele três perguntas sobre sua trajetória na especialidade. Confira a seguir:
Como a oncologia surgiu na sua vida e por que escolheu esta especialidade?
Desde pequeno tinha um grande interesse em ciência e em ajudar o próximo, o que eventualmente me levou a estudar medicina. Ao entrar na faculdade tive a oportunidade de visitar meu padrinho, que faleceria por câncer logo em seguida, e a experiência foi muito impactante. Durante a minha residência em Clínica Médica essa memória foi acordada quando fui exposto a disciplina de Oncologia, e pude ver como é uma especialidade fascinante. O conhecimento era muito limitado, mas já havia um interesse enorme na área, indicando que seria uma especialidade que me permitiria muitas oportunidades para estudo e pesquisa. Além disso, pude ver que é uma das áreas da Medicina que mais exige esforço e conhecimento clínico, mas que pode ter um impacto muito positivo na vida de pacientes e familiares.
Na sua opinião, qual será o futuro da oncologia clínica?
A oncologia mudou dramaticamente desde minha residência, e hoje temos exames e tratamentos com que nem sonhávamos poucas décadas atrás. Acredito que continuaremos avançando cada vez mais rápido, nas áreas de prevenção, diagnóstico e tratamento. A combinação de biópsias líquidas, patologia molecular, inteligência artificial e novas modalidades terapêuticas devem alterar para melhor, e muito, os resultados para nossos pacientes. O câncer não deve desaparecer nem deixar de ser um problema de saúde pública no futuro próximo, mas já temos conhecimento e tecnologia para começarmos a inverter as curvas de incidência e de desfechos desfavoráveis. O grande desafio será garantir que todos tenham acesso a essas inovações.
Poderia nos indicar alguma frase, música, poema ou qualquer outro trecho de texto que você goste muito?
“Se não fosse pela grande variabilidade entre indivíduos, a Medicina poderia ser uma ciência e não uma arte.” Gosto muito dessa frase do [médico canadense] Sir William Osler, porque mostra que ele já entendia a complexidade dos processos patológicos, e que a individualização do tratamento é muito difícil, mas fundamental. Para nossa sorte, com as novas tecnologias de avaliação molecular, dos pacientes e dos tumores, e do uso intenso de inteligência artificial, possivelmente com ajuda de redes neurais, finalmente temos a oportunidade de fazer cada vez mais ciência, sem esquecer da arte.
Nascido no Uruguai, Carlos Barrios graduou-se em medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre. Fez Residência em Clínica Médica pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pelo Jackson Memorial Hospital, da University of Miami. Ainda nos Estados Unidos, fez especialização em hematologia e oncologia, com certificação da American Board of Internal Medicine (ABIM), nos hospitais Barnes e Jewish, vinculados a Washington University, em Saint Louis.
Desde 1996, é diretor e pesquisador do Centro de Pesquisa em Oncologia do Hospital São Lucas, da mesma instituição; participou de mais de 300 ensaios clínicos ao longo dos últimos 25 anos; e é co-fundador e atual presidente da Latin American Cooperative Oncology Group (LACOG).
Ao longo da carreira, Dr. Barrios tem concentrado sua atuação clínica e científica no tratamento e na pesquisa do câncer de mama. É autor de diversos artigos e apresentações em congressos científicos internacionais. Em 2024, foi incluído na lista Highly Cited Researchers da Clarivate, que reconhece os 1% de pesquisadores mais citados do mundo na área de medicina.
Segundo o Google Scholar, Dr. Barrios já foi citado cientificamente mais de 73 mil vezes, números esses que refletem sua relevância e contribuição para o avanço da pesquisa em oncologia clínica. Em reconhecimento à sua dedicação à área, foi o primeiro a ser contemplado com a nova categoria dos Prêmios SBOC: o Prêmio de Pesquisa.
Associado SBOC desde 1990, ele também integra diversas organizações médicas, como a American Society of Clinical Oncology (ASCO), European Society of Medical Oncology (ESMO), American Association for Cancer Research (AACR), Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama (GBECAM), Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT) e International Association for the Study of Lung Cancer (IASLC).
Em conversa com a SBOC para a revista Oncologia&Oncologistas, Dr. Barrios contou que encontrou na medicina uma maneira de se engajar, em um momento histórico que o Uruguai passava por um golpe militar que fechou a faculdade na qual cursava medicina. “Enfrentar o sofrimento alheio e se posicionar como alguém que pode ajudar a superá-lo foi o que me levou, primeiro, à medicina e, anos depois, à oncologia clínica”, contou.
Sobre o seu envolvimento com pesquisa, afirma que surgiu da necessidade de beneficiar pacientes que não tinham alternativas de tratamento ou cuidado. "Seja porque o que havia disponível já se esgotara ou, como costuma ser para a maioria das pessoas que enfrentam um câncer em países como o Brasil, porque não se tem acesso às melhores terapias. Ainda que, eventualmente, as terapias experimentadas na pesquisa clínica não funcionem plenamente ou que a área careça de maior estímulo, oferecemos esperança e isso pode fazer toda a diferença."
Uma de suas paixões foi o futebol. Dr. Barrios jogava nas categorias inferiores do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. No 3º ano da graduação, precisou fazer uma escolha: jogar um campeonato em São Paulo ou aproveitar a praia para descansar da demanda como estudante. Decidiu pela praia e pela medicina. Uma música que o inspira é "Viva La Vida", da banda inglesa Coldplay.
A Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dra. Angélica Nogueira, participou nesta quarta-feira, 22 de outubro, em Brasília (DF), do anúncio do Ministério da Saúde do Componente da Assistência Farmacêutica em Oncologia (AF-ONCO). O novo mecanismo é uma das frentes da reformulação da oncologia no Sistema Único de Saúde – iniciada com a instituição da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer – e foi criada como estratégia do Executivo para organizar o acesso a medicamentos oncológicos, garantindo a integralidade do tratamento medicamentoso na atenção contra o câncer. Para isso, a AF-ONCO irá se basear nas linhas de cuidado priorizadas nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs) do Ministério da Saúde.
Um dos principais pontos da portaria é a priorização de quais tecnologias devem ser submetidas à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). Os critérios são múltiplos e cumulativos: gravidade da condição clínica e carga da doença; existência de lacunas terapêuticas ou alternativas clínicas disponíveis; potencial ganho de sobrevida ou qualidade de vida; custo-efetividade e impacto orçamentário; viabilidade logística e capacidade de monitoramento; e índices de judialização.
Muitos desses pontos demonstram proximidade conceitual e metodológica com o Índice de Priorização de Medicamentos da SBOC – documento utilizado pelos especialistas da entidade como base para apoiar ou não a incorporação de novos fármacos em consultas públicas relativas ao tratamento oncológico.
“Em nome da SBOC, expresso nosso reconhecimento por esta portaria, um marco histórico ao integrar de forma definitiva o tratamento medicamentoso oncológico no SUS”, introduziu Dra. Angélica. “Uma medida que representa um ato de maturidade e responsabilidade pública ao organizar e garantir acesso regular a medicamentos em base de critérios técnicos, protocolos e diretrizes terapêuticas”, completou.
O êxito dessa política, na avaliação da oncologista clínica, dependerá sobretudo da qualidade e da atualização contínua dos PCDTs, que passam a ser a espinha dorsal da assistência oncológica. “A SBOC reafirma a sua disposição de colaborar tecnicamente com o Ministério da Saúde, contribuindo na elaboração e revisão dos Protocolos, com a experiência de quem está à frente do cuidado diário dos pacientes”, afirmou Dra. Angélica.
A nova portaria também detalha e formaliza três modelos de aquisição de medicamento, com o objetivo de otimizar o processo de compra. Medicamentos com detentor único de patente, alto impacto orçamentário e de neoplasias de alta complexidade ou maior incidência terão aquisição centralizada pelo Ministério da Saúde.
Também haverá medicamentos adquiridos a partir de negociação nacional, ou seja, coordenada pelo Executivo, mas com participação e execução feita pelas Secretarias de Saúde dos Estados; e a aquisição descentralizada, que será de responsabilidade dos estados e municípios, desde que estes tenham serviços oncológicos habilitados em operação.
Será estabelecido, em até 60 dias, um novo modelo de Autorização de Procedimento Ambulatorial de Alta Complexidade/Custo (APAC) exclusivamente relacionado a medicamento oncológico por meio de ato normativo da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde. A revisão das APACs era outra demanda da SBOC.
A portaria instituiu, ainda, que todos os medicamentos oncológicos já financiados e disponíveis no SUS serão incluídos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), assim como os novos que serão disponibilizados após a publicação.
A Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dra. Angélica Nogueira, defendeu a importância de programas de rastreamento organizados no país nesta terça-feira, 21 de outubro, durante o Estadão Summit Saúde 2025 – Os desafios de viver mais, realizado pelo jornal em São Paulo (SP).
Participando do primeiro painel do dia – dedicado ao rastreamento de tumores – a oncologista clínica afirmou que o Brasil precisa urgentemente superar as barreiras de desinformação e de organização do sistema de saúde para melhorar as taxas de rastreamento de câncer e, consequente, diminuir as taxas de incidência e mortalidade.
Em apenas três estados brasileiros, exemplificou Dra. Angélica, a cobertura de mamografia passa de 30% do público-alvo, ainda que haja numericamente mamógrafos suficientes para todas realizarem o exame. A falta de adesão também se repete na prevenção do câncer de colo do útero: menos de 20% das mulheres realizam o exame Papanicolau com o intervalo trianual defendido pelo Ministério da Saúde.
Nesses casos, o problema mais do que acesso é a conscientização populacional e a organização do sistema. Citando pesquisa do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), que entrevistou 600 pacientes de câncer de colo do útero, ela indicou que acesso não esteva entre as três principais barreiras defendidas pela para realizar o Papanicolau. As respostas mais recorrentes foram desconhecimento, vergonha ou atribuir pouca importância ao exame.
“Se eu tenho vergonha ou acho pouco importante um exame que evita o terceiro câncer mais comum na mulher, eu não tenho conhecimento suficiente. A gente tem que conscientizar a população e estruturar um rastreio organizado, no qual a mulher seja alertada regularmente sobre os exames a serem realizados, pois o rastreio oportunístico não tem consigo atingir a cobertura necessária”, argumentou a Presidente da SBOC. Ela apontou que a integração das plataformas do SUS e ferramentas de inteligência artificial podem ser aliadas para avisar que as mulheres que se encaixam nos critérios de rastreio sobre não estarem com os exames em dia.
“Igualmente em relação à mamografia. A mulher não sabe se fez o exame há cinco ou dois anos. Agora, o Ministério da Saúde definiu que o rastreio acima dos 50 anos passa a ser organizado e não oportunístico”, disse. “Ou seja, o sistema de saúde passa a ser envolvido para enviar alertas às pacientes. Sem alerta e conscientização, não mudamos essa história”, completou Dra. Angélica.
A oncologista clínica também enfatizou a necessidade de o Brasil adotar, com urgência, um programa de rastreamento para o câncer colorretal, que já é o segundo mais incidente na população brasileira, com mais de 45mil casos anuais. Essa tem sido, comentou, uma das pautas do comitê da SBOC junto ao Ministério da Saúde, que discute as principais necessidades dos cuidados com o câncer para o país.
Sobre a melhor estratégia, considerando-se custox benefício, ela defendeu o rastreamento a partir dos 45 anos e a implementação do exame de sangue oculto nas fezes, com a colonoscopia como ferramenta aliada. “Acredito que essa deverá ser a opção do Ministério da Saúde. A SBOC entende esse tema como prioritário e tem dialogado com o ministério para isso ser colocado em prática”, complementou Dra. Angélica.
Antes do final do painel, a oncologista clínica reforçou algumas medidas preventivas gerais que servem para homens e mulheres: realizar dieta e atividade física, não fumar, consumir o mínimo de álcool possível e manter as vacinações em dia – principalmente as de hepatite e de HPV.
Sobre os exames preventivos essenciais com evidência para redução de doença avançada e/ou mortalidade, defendeu: mamografia anual para mulheres a partir de 40 anos; Papanicolau de três em três anos após dois exames negativos ou teste de HPV-DNA a partir dos 30 anos; rastreio do câncer colorretal com PSOF ou colonoscopia a partir dos 45 anos; rastreio de câncer de pulmão para fumantes e ex-fumantes com alta carga tabágica; e discussão individualizada com o urologista a partir dos 40 anos para rastreio de câncer de próstata. “Com isso, homens e mulheres estamos fazendo o que existe de evidência para redução de incidência e mortalidade por câncer”, concluiu Dra. Angélica.
Graduada em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 1991, Dra. Clarissa Mathias fez residência médica em Oncologia e Hematologia pelo Medical College of Pennsylvania e pela University of Pennsylvania, nos Estados Unidos; doutorado em Medicina e Saúde pela UFBA; e MBA em Gestão da Saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Primeira mulher brasileira a integrar o grupo global de especialistas do Fellow of the American Society of Clinical Oncology (FASCO), da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), Dra. Clarissa foi a segunda mulher a presidir a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) – cargo que ocupou de 2019 e 2021, quando idealizou e liderou o Comitê de Lideranças Femininas. Sua trajetória inclui ainda a presidência do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT) e do Comitê Internacional da ASCO.
Atualmente, atua como oncologista clínica no Grupo Oncoclínicas, onde também lidera estudos clínicos, além de ser membro do Conselho da International Association for the Study of Lung Cancer (IASLC) e do Comitê de Mulheres para Oncologia da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO).
Além de prestígio profissional e grande apreço por parte dos seus pacientes, Dra. Clarissa é reconhecida internacionalmente pela defesa da equidade de gênero na oncologia – características que a fez ser agraciada pelo Prêmio SBOC de Protagonismo Feminino na Oncologia.
Nos anos anteriores, receberam essa premiação a Dra. Angelita Gama (2019), Dra. Rachel Riechelmann (2021), Dra. Aline Lauda Freitas Chaves (2022), Dra. Patricia Ashton-Prolla (2023) e Dra. Andreia Melo (2024).
A SBOC conversou com Dra. Clarissa e fez a ela três perguntas sobre sua trajetória científica. Confira a seguir:
Como a oncologia surgiu na sua vida e por que escolheu esta especialidade?
No quinto ano de medicina, realizei um estágio em um laboratório de biologia molecular em Paris e me apaixonei por oncologia.
Na sua opinião, qual será o futuro da oncologia clínica?
Cada dia mais uma oncologia personalizada que deve ser realizada com compaixão e cuidado.
Uma frase, música ou poema que a inspire:
“Se te faz feliz ver o voo do outro, você entendeu tudo.”
Bacharela em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (USP), Dra. Luisa Lina Villa é doutora pelo Instituto de Química da mesma instituição, onde também é professora livre-docente pelo Departamento de Radiologia e Oncologia da Faculdade de Medicina.
Por quase três décadas, Dra. Luisa foi pesquisadora da filial de São Paulo do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, sendo que entre 2006 e 2011 exerceu o cargo de diretora científica. DE 2010 a 2017, coordenou o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia das Doenças do Papilomavírus (INCT-HPV) – programa conduzido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em parceria com a FAPESP e o CNPq, com a missão de ampliar o conhecimento sobre infecções e doenças causadas pelo HPV em diferentes níveis.
Atualmente, é chefe do Laboratório de Inovação em Câncer do Centro de Investigação Translacional em Oncologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp); membro do Comprehensive Center for Precision Oncology (C2PO) da USP e da Academia Brasileira de Ciências; e Comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico.
Em novembro de 2020, foi classificada na 25ª posição entre os pesquisadores da USP mais influentes da ciência mundial (Base de Dados Scopus e Revista PLOS Biology). Com mais de 400 artigos científicos publicados e orientação para dezenas de mestres e doutores, ela tem contribuição de forma decisiva para o avanço do conhecimento científico e translacional em oncologia no Brasil.
Agora reconhecida pelo Prêmio Bernardo Garicochea de Pesquisa Oncológica Translacional – criado pela SBOC em 2019, mas que desde o ano passado homenageia o pesquisador falecido em 2024 – Dra. Luisa passa a fazer parte do seleto grupo de brasileiros que se destacam na pesquisa translacional em oncologia. Outros contemplados com essa premiação foram: Dr. Alessandro Leal (2019), Dr. Carlos Gil Ferreira (2021), Prof. Dr. Roger Chammas (2022), Dr. Rodrigo Dienstmann (2023) e Dra. Anamaria Camargo (2024).
A SBOC conversou com Luisa Lina Villa e fez a ela três perguntas sobre sua trajetória científica. Confira a seguir:
Como a pesquisa translacional surgiu na sua vida?
Após décadas de pesquisa sobre o HPV, e sua vinculação a uma série de tumores em humanos, ficou claro que deveríamos investir em formas de se prevenir dessas infecções, visando reduzir as elevadas taxas de incidência e mortalidade associadas aos cânceres causados por HPV, particularmente o câncer do colo do útero. Em poucos anos, foram testadas e aprovadas vacinas profiláticas contra os principais tipos de HPV, cujo impacto na redução de infecções e doenças causadas pelos HPVs já vem sendo registrado em todo mundo, inclusive no Brasil. Além disso, as pesquisas indicaram claramente que o teste molecular do agente causal do câncer do colo do útero é muito mais sensível que a citologia oncótica no rastreamento desse tumor. Isso é fruto de pesquisa translacional em mulheres e homens, conduzida em diversos países incluindo o Brasil, que agora poderão se beneficiar de prevenção secundária com testes moleculares muito mais sensíveis que os testes aplicados durante décadas.
Na sua opinião, qual será o futuro dessa especialidade?
A pesquisa translacional em oncologia visa aproximar cada vez mais o ‘laboratório do leito’, em benefício do paciente, visando formas mais eficientes para controlar o câncer. Atualmente, a Medicina de Precisão busca aplicar uma série de medidas e intervenções, como diversas abordagens de sequenciamento genético, imunoterapias, novos alvos terapêuticos, além de vacinas terapêuticas, edição gênica, modelos tumorais 3D, organoides, entre outros, para aumentar a efetividade do tratamento de tumores. Também deve-se destacar o desenvolvimento de tecnologias no diagnóstico precoce de câncer, como biópsias líquidas para identificar DNA tumoral circulante e outros analitos, mas também a identificação de perfis de risco tanto para o surgimento quanto progressão de tumores, permitindo intervenções nos estágios iniciais da doença. Em qualquer das modalidades mencionadas, a colaboração entre biólogos, farmacêuticos, biomédicos, médicos, bioinformatas, entre outros, é crítica para permitir que os avanços científicos possam ser aplicados para o benefício da população.
Uma frase, música ou poema que a inspire:
“Raras são as pessoas que usam a mente; poucas aquelas que usam o coração; únicas aquelas que usam ambos.” — Rita Levi-Montalcini, neurocientista italiana e Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina (1986).
Graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Dra. Renata Rodrigues da Cunha Colombo Bonadio concluiu residência em clínica médica, pela mesma instituição, em 2015; e em oncologia clínica, pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), em 2019. Atualmente é doutoranda na FMUSP, estudando o câncer de mama.
Atualmente, é médica oncologista da Oncologia D’Or e gerente médica de Pesquisa Clínica no Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino. Também é líder do Comitê Científico de Tumores Triplo-Negativos do Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama (GBECAM).
Entre as suas contribuições científicas, estão pesquisas sobre avanços no tratamento do câncer de mama triplo-negativo; epidemiologia do câncer de mama e desafios do sistema de saúde no Brasil; câncer hereditários e riscos relacionados ao tratamento; oncologia de precisão e desenvolvimento de estratégias baseadas em biomarcadores; entre outras.
É associada da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) desde 2017, tendo passado pelas posições de editora do SBOC Review, em 2023, e membro do Comitê Educacional, em 2024. Atualmente, é membro do Comitê de Tumores Mamários da instituição. Em fevereiro deste ano, Dra. Renata compartilhou com a SBOC o seu relato enquanto paciente oncológica.
Por conta dessa atuação expressiva em poucos anos de carreira, ela acaba de ser contemplada com o Prêmio Jovem Oncologista SBOC – principal congratulação da entidade a oncologistas de até 40 anos que sejam reconhecidos pela contribuição à especialidade e que tenham atuação comprovada em pesquisa e divulgação científica.
Os premiados serão homenageados e receberão seus troféus durante a Sessão Plenária do XXVI Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, em 7 de novembro, às 17h20.
Nos anos anteriores, receberam essa premiação: Dr. Denis Jardim (2019), Dr. Romualdo Barroso (2021), Dr. Pedro Henrique Isaacson Velho (2022), Dr. Rodrigo Munhoz (2023) e Dr. Daniel Girardi (2024)
A SBOC conversou com Dra. Renata Bonadio e fez a ela três perguntas sobre a sua carreira como oncologista clínica. Confira a seguir:
Como a oncologia surgiu na sua vida e por que escolheu esta especialidade?
Desde muito cedo, eu sempre fui encantada pela ciência e pela biologia. Na faculdade, eu me envolvi com a pesquisa logo nos primeiros anos. Mas foi no quarto ano da graduação que eu comecei a ter contato mais direto com a Oncologia Clínica. Descobri uma especialidade que une o cuidado humano, a escuta e o vínculo com o paciente a uma base científica muito sólida. Na forte relação médico-paciente da oncologia percebi que o oncologista sempre pode fazer a diferença. Já a pesquisa em oncologia reforçou esse papel dinâmico e transformador da ciência, que muda a história. Essa combinação entre ciência e humanidade foi o que me fez escolher a oncologia.
Na sua opinião, qual será o futuro da oncologia clínica?
Na minha opinião, o futuro da oncologia clínica está fortemente ligado à contínua evolução da medicina de precisão. Caminhamos para um cenário em que cada vez mais usaremos marcadores biológicos e moleculares para direcionar as escolhas terapêuticas, permitindo selecionar o tratamento mais adequado para cada paciente. Acredito que esse avanço também será fundamental para orientar o sequenciamento das terapias — entendendo melhor quais mecanismos de resistência surgem ao longo do tratamento e como essas informações podem influenciar as próximas decisões terapêuticas. Vejo, ainda, um papel importante da precisão na outra ponta: o descalonamento de terapias. Isso significa poder poupar, de forma segura, pacientes de tratamentos mais intensos ou tóxicos, sem comprometer os resultados. Além de reduzir efeitos colaterais, essa abordagem também pode minimizar o impacto financeiro do tratamento, tornando o cuidado oncológico mais sustentável.
Poderia nos indicar alguma frase, música, poema ou qualquer outro trecho de texto que você goste muito?
Gosto muito da frase: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.”, de Antoine de Saint-Exupéry. Acho que essa frase se aplica a muitas situações na vida. Na oncologia, exames e imagens são importantes, mas o vínculo, o cuidado e a confiança são essenciais, não só na relação com o paciente, mas também entre colegas. A medicina também é feita de aspectos que não se medem, mas se sentem.
O Ministério da Saúde recebeu nesta segunda-feira, 13 de outubro, no almoxarifado do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), o primeiro lote de Trastuzumabe Entansina – medicamento essencial incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento do câncer de mama HER2 positivo. A chegada do medicamento ao Brasil marca um avanço histórico no acesso a terapias modernas e personalizadas no país.
Indicado principalmente para pacientes que ainda apresentam sinais da doença mesmo após a quimioterapia inicial, o Trastuzumabe Entansina oferece uma nova possibilidade de controle e qualidade de vida para milhares de mulheres brasileiras.
“A incorporação desse medicamento ao SUS é um marco para a oncologia nacional”, comenta a Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dra. Angélica Nogueira. “Trata-se de um tratamento de altíssima eficácia, que já demonstrou impacto significativo na sobrevida e na qualidade de vida das pacientes com câncer de mama HER2 positivo. A incorporação dessa terapia é uma vitória para as mulheres e para o sistema público de saúde brasileiro”, complementa a oncologista que participou do evento de recebimento do medicamento.
A priorização e avaliação de novos medicamentos a serem incorporados ao SUS estão entre as áreas de atuação do Comitê de Assessoramento Técnico em Oncologia ao Ministério da Saúde, formado pela SBOC e seus especialistas. O grupo contribui com análises baseadas em evidências científicas, custo-efetividade e impacto orçamentário, garantindo que as decisões da Pasta sejam sustentadas por critérios técnicos e pelo compromisso com a equidade.
“Esse resultado é também um reconhecimento do esforço conjunto de especialistas que integram o comitê da SBOC e trabalham para garantir que as melhores práticas e tecnologias cheguem a todos os brasileiros, de forma equitativa e sustentável”, complementa Dra. Angélica.
Segundo o Ministério da Saúde, ao todo, serão quatro lotes do medicamento. As próximas entregas estão previstas para dezembro de 2025, março e junho de 2026. Os insumos atenderão 100% da demanda atual pelo medicamento no SUS, beneficiando 1.144 pacientes em 2025.
Com essa incorporação, o Brasil se alinha às recomendações internacionais de tratamento para o câncer de mama HER2 positivo e reafirma o papel da SBOC como parceira estratégica na construção de políticas públicas de saúde oncológica.
O Governo Federal anunciou, em 7 de outubro, a regulamentação da Lei da Pesquisa Clínica. A nova legislação pretende trazer mais segurança jurídica para o setor, atraindo investimentos em inovação e impulsionando uma área estratégica para o desenvolvimento científico e industrial do país, ao mesmo tempo fortalecendo a segurança e a proteção dos participantes.
Diante do novo marco, o membro da Diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) Dr. Fábio Franke acredita que agora há normas claras do que deve ser praticado em pesquisa clínica e que o país terá processos mais ágeis, tanto na aprovação ética de estudos, quanto na aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), tendo a possibilidade de atrair ainda mais estudos.
O novo modelo reduz de 180 dias para 30 dias o processo de avaliação dos projetos pelos Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) e para 90 a avaliação da Anvisa. Pesquisas que sejam consideradas estratégicas para o Sistema Único de Saúde ou em casos de emergências sanitárias poderão ser avaliadas em até 15 dias.
A nova lei determina que, em casos de doenças graves e sem alternativas de tratamento, os pacientes que apresentem benefícios tenham garantida a continuidade do tratamento por até cinco anos após o término da pesquisa. Além disso, foram detalhados os mecanismos de consentimento livre e esclarecimentos, de modo a fortalecer a proteção dos pacientes.
Grupos vulneráveis – como crianças, gestantes, povos indígenas e pessoas privadas de liberdade – ganharam regras específicas, para que seja assegurado tratamento ético diferenciado e medidas específicas de salvaguarda em pesquisas com esses grupos.
Também foi definido um novo modelo de governança. O Sistema Nacional de Ética em Pesquisa com Seres Humanos será composto por duas instâncias: a Instância Nacional de Ética em Pesquisa (Inaep) e a Instância de Análise Ética em Pesquisa (formada pelos CEPs).
A Inaep funcionará de maneira normativa, consultiva e fiscalizadora, sendo formada por representantes dos Conselhos Nacionais de Saúde das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa, dos Ministérios da Saúde, da Educação e de Ciência, Tecnologia e Inovação e da Anvisa. Especialistas independentes serão selecionados via edital público, com critérios que promovam diversidade regional, étnico-racial e interdisciplinaridade.
“Acreditamos que essa composição esteja adequada, mas nós, da SBOC, vamos atuar de maneira direta para dialogar com o Ministério da Saúde sobre a composição dessa instância nacional, para que ela seja sempre imparcial e isenta de vieses que possam interferir no andamento da pesquisa clínica”, afirma Dr. Franke.
Por fim, a atual Plataforma Brasil – base unificada de registrados de pesquisas – será substituída, até o final do próximo ano, pela Plataforma de Pesquisas com Seres Humanos. A nova tecnologia irá aprimorar o monitoramento de estudos em execução de forma integrada, ampla e simultânea, buscando garantir que todas as regiões do país sejam beneficiadas com pesquisas clínicas.
Essa mudança, na avaliação do diretor da SBOC, ainda exigirá muito trabalho dos atores do setor. “Até a substituição da Plataforma Brasil, vamos atuar para realizar um aprimoramento da nova ferramenta. Observamos, porém, com esta regulamentação, que as coisas começam a andar e que temos uma grande perspectiva para a pesquisa clínica em todo o Brasil”, afirma.
Desde o início dos debates sobre pesquisa clínica no Congresso Nacional, a SBOC desempenhou função importante participando de audiências e consultas públicas. “Tivemos um papel ativo ao longo dos anos. Estamos satisfeitos com essa nova legislação, que reflete um dos objetivos da entidade, que é promover e divulgar a pesquisa clínica oncológica”, completa Dr. Franke.
Em alusão ao Outubro Rosa, o Senado Federal realizou ontem, 9 de outubro, uma sessão especial com a presença de representantes da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). O encontro destacou a importância da conscientização, do diagnóstico precoce e do tratamento adequado no enfrentamento do câncer de mama no país.
Diretora da SBOC, Dra. Daniele Assad reforçou as ações da Sociedade e defendeu ações práticas em torno de eixos como rastreamento estruturado e acessível, com estratégias de busca ativa e individualização conforme o risco clínico.
“A SBOC tem colaborado com o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) por meio de propostas concretas, como a criação de grupo técnico para priorização de tecnologias, centralização de compras de medicamentos e ampliação da pesquisa clínica”, argumentou.
Também membro da Diretoria da SBOC, Dra. Danielle Laperche ressaltou alguns avanços recentes, como a ativação do PCDT do câncer de mama e o alinhamento técnico entre o Ministério da Saúde e os oncologistas clínicos, que na sua avaliação tornou as políticas públicas mais eficazes, com ações ágeis e assertivas.
Dra. Danielle lembrou que teoria e prática nem sempre caminham juntas e destacou a relevância do diagnóstico precoce para reduzir os altos índices de mortalidade por tumores de mama. A oncologista também ressaltou a influência das questões estruturais. A disparidade no câncer de mama é ainda maior entre a população negra.
“A taxa de mortalidade e o diagnóstico em estágio avançado estão muito relacionados ao racismo estrutural, à falta de atenção dedicada a esses grupos e a fatores sociais. Não há dúvida de que o acesso faz diferença”, explicou. “O tratamento existe, mas as pacientes precisam alcançá-lo. É necessário que trabalhemos juntos. Entidades como a SBOC e grupos de estudo estão à disposição para oferecer dados e apoio técnico”, sintetizou.
Outro componente da mesa foi o diretor do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e ex-presidente da SBOC (gestão 2003-2005), Dr. Roberto Gil. Atualmente, disse, o INCA estima cerca de 73,6 mil novos casos no Brasil ao ano. “20 mil mulheres perderão a vida por causa da doença, tornando-se a primeira causa de morte entre mulheres. O câncer de mama apresenta a maior incidência de câncer feminino em todas as regiões do país”, alertou.
Segundo o Diretor do Departamento de Atenção ao Câncer do Ministério da Saúde, Dr. José Barreto Campello Carvalheira, o momento representa um avanço significativo. “Lançamos os primeiros PCDTs da oncologia clínica, incorporamos tecnologias de alto custo e fortalecemos diversas etapas do cuidado oncológico. Estamos atuando em vários pontos, e isso é um grande ganho, porque tempo é vida na oncologia”, defendeu.
Também estiveram presentes na sessão a secretária nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política do Ministério das Mulheres, Sandra Kennedy; a Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (Regional DF), Dra. Lucimara Veras; e a médica mastologista Dra. Angélica Esterl.
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