Diego Cesar Clemente, produtor de eventos de 40 anos, enfrentou intensas dores abdominais e buscou atendimento na emergência do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. No hospital, passou por dois procedimentos: um para desobstruir o intestino e outro para remover uma parte dele. Enquanto a população do Rio de Janeiro envelhece, aumentando a demanda por serviços de saúde, o cuidado com pacientes com câncer está diminuindo, colocando vidas como a de Diego em perigo. Ontem, 2.908 pessoas aguardavam atendimento oncológico nas filas do Sistema Estadual de Regulação (SER). Um paciente de 77 anos esperava há 920 dias pela primeira consulta para tratar uma neoplasia de pele.
Em entrevista ao jornal O Globo, o oncologista clínico Dr. Carlos Gil Ferreira, Presidente de Honra da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), destacou que o tempo de início do tratamento pode fazer toda a diferença, especialmente em tumores mais agressivos, podendo determinar se o paciente terá a oportunidade de cura ou não. “É um problema que afeta diversos estados brasileiros. A cirurgia, por exemplo, é o único método curativo para diversos tipos de tumores. É necessário investir mais para estruturar toda a rede: seja no INCA, seja nos outros hospitais federais. É uma questão estratégica mesmo na saúde pública", afirmou.
O Presidente de Honra da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dr. Carlos Gil Ferreira, representou a entidade nessa terça-feira, 25 de junho, em audiência pública da Câmara dos Deputados, cujo tema foi rastreamento e diagnóstico precoce de câncer de pulmão no Sistema Único de Saúde (SUS).
No debate – organizado pela Comissão Especial Sobre o Combate ao Câncer no Brasil – o oncologista clínico destacou que, apesar do grande impacto da doença, ainda faltam ações efetivas dos órgãos de saúde.
“O câncer de pulmão causa quase dois milhões de mortes no mundo, com impacto econômico imenso e vidas ativas perdidas. Apesar dos números, a doença ainda é negligenciada em muitos países, incluindo o Brasil. Precisamos evitar essa negligência, sem, no entanto, minimizar a importância de outros tipos de câncer que já possuem políticas claras no Brasil”, disse.
Dr. Carlos Gil também ressaltou que o meio mais eficaz para diminuição da mortalidade e da incidência do câncer de pulmão ainda é a conscientização. “Investir em ações de combate ao tabagismo e na melhora do rastreamento se tornam fundamentais para a redução da mortalidade por câncer de pulmão no Brasil”, complementou.
Em relação à contribuição da SBOC nesta área, o Presidente de Honra destacou a criação da Aliança Contra o Câncer de Pulmão, formada pelas Sociedades Brasileiras de Oncologia Clínica, de Cirurgia Torácica, de Pneumologia e Tisiologia, de Radioterapia, de Patologia e pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem.
O grupo tem o intuito de conscientizar a sociedade sobre os tumores pulmonares e sensibilizar os parlamentares e as autoridades em relação à necessidade de enfrentamento da doença, bem como impulsionar a pesquisa sobre esse câncer. Juntas, as entidades organizam o 1º Congresso Brasileiro de Câncer de Pulmão, que acontecerá de 14 a 15 de agosto, em Brasília (DF).
Na audiência pública, também participaram o Dr. Roberto de Almeida Gil, diretor-geral do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e ex-presidente da SBOC (Gestão 2003/05), Dr. César Neves, representante do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, Dr. Daniel Bonomi, diretor científico da SBCT, Dr. Gustavo Prado, coordenador da Comissão de Câncer de Pulmão da SBPT, Dr. Fábio Svartman, pneumologista do Grupo Hospitalar Conceição, Dra. Suzana Tanni, pneumologista da Faculdade de Medicina de Botucatu, Dr. Rubens Chojniak, vice-presidente do CBR, Dr. Alexandre de Oliveira, cirurgião torácico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, e os deputados Josenildo Abrantes e Flávia Morais.
Nessa quinta-feira, 20 de junho, o Dr. Romualdo Barroso, diretor da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), representou a entidade em audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir o atraso na disponibilização de medicamentos para o câncer no Sistema Único de Saúde (SUS).
O oncologista iniciou destacando o papel da SBOC na incorporação de medicamentos nos sistemas público e privado. A entidade tem se empenhado, a convite das autoridades, para fornecer os elementos técnicos necessários para embasar a aprovação ou não de novas tecnologias.
Além dos processos de incorporação dos medicamentos, Dr. Romualdo ressaltou a importância de discutir o acesso efetivo a esses tratamentos. “Aproximadamente 80% dos brasileiros dependem do SUS e as disparidades socioeconômicas e culturais têm um enorme impacto na qualidade do tratamento, nas chances de cura e na qualidade de vida”, observou.
“Estamos com um atraso de 745 dias desde a publicação da incorporação dos inibidores de ciclina pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec)”, exemplificou o especialista, ao falar desta tecnologia que foi incorporada ao rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) há quatro anos e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há seis.
Na sua avaliação, encarar a disparidade do acesso é uma forma de respeito à dignidade dos pacientes do SUS, conforme estabelecido pela Constituição. “Do ponto de vista econômico, o problema não é simples, mas é necessário dialogar. Precisamos nos mobilizar para garantir que nossos interesses sejam respeitados e considerados”, argumentou.
Por fim, Dr. Romualdo ainda chamou atenção para como a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, que prevê atendimento multidisciplinar e humanizado em todas as etapas do tratamento oncológico, pode ajudar a reduzir as lacunas no sistema público.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) promove, até 8 de julho, a Consulta Pública (CP) Nº 36.
A tecnologia avaliada é:
Sorafenibe e lenvatinibe
Indicação: para o tratamento de indivíduos com diagnóstico de carcinoma diferenciado da tireoide localmente avançado e/ou metastático, refratário ao iodo, progressivo
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) promove, até 8 de julho, a Consulta Pública (CP) Nº 35.
A tecnologia avaliada é:
TSH recombinante
Indicação: para o tratamento de pacientes com diagnóstico de carcinoma diferenciado de tireoide com indicação de iodo radioativo e contraindicação à indução de hipotireoidismo endógeno ou incapacidade de produção do TSH endógeno
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) promove, até 8 de julho, a Consulta Pública (CP) Nº 34.
Os documentos avaliados são:
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
Indicação: Adenocarcinoma de cólon e reto
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) promove, até 8 de julho, a Consulta Pública (CP) Nº 32.
A tecnologia avaliada é:
Betadinutuximabe
Indicação: para o tratamento do neuroblastoma de alto risco (HRNB) na fase de manutenção
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) promove, até 8 de julho, a Consulta Pública (CP) Nº 31.
A tecnologia avaliada é:
Nivolumabe
Indicação: para o tratamento de pacientes adultos com carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço recidivado ou metastático após quimioterapia à base de platina (i.e., segunda linha de tratamento da doença recidivado ou metastática)
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) promove, até 8 de julho, a Consulta Pública (CP) Nº 30.
As tecnologias avaliadas são:
Cetuximabe ou pembrolizumabe
Indicação: para carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço recidivado ou metastático