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Especialista do Japão expõe limitações e avanços no manejo do câncer ovariano

Notícias Terça, 08 Agosto 2017 19:44

Em entrevista exclusiva à Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), o Dr. Keiichi Fujiwara, professor associado do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Kawasaki Medical School, em Kurashiki-City, Japão, comenta as principais novidades em câncer de ovário. Por sua atuação na área clínica e em pesquisa, o Dr. Fujiwara tornou-se membro do grupo de trabalho de câncer ovariano do Instituto Nacional do Câncer (NCI) dos Estados Unidos. Também é presidente do Departamento de Oncologia Ginecológica da Saitama Medical University. A seguir, o especialista destaca as limitações e os avanços em rastreamento, preservação da fertilidade, benefícios e malefícios da hormonioterapia, potencial dos testes genéticos, terapias-alvo e imunoterapia.

O rastreamento ainda é um grande desafio quando se pensa em câncer de ovário? Quais são as perspectivas de avanço a esse respeito?

A triagem para câncer de ovário ainda é desafiadora. Algumas pesquisas demonstraram que a combinação do padrão de mudança de CA125 e o uso de ultrassonografia pode ser útil, mas até agora não se tornou padrão.

Como é a relação entre tratamento e preservação da fertilidade hoje?

A preservação da fertilidade é considerada quando a paciente possui tumores de células germinativas (e não um câncer epitelial comum), mesmo na doença avançada. No entanto, nos casos de câncer epitelial, somente pacientes com doença em estágio IA podem ser candidatas à preservação da fertilidade.

Como você avalia a relação entre tratamentos hormonais (contraceptivo, reposição hormonal pós-menopausa) e mortalidade por câncer de ovário?

Sabe-se que o uso de contraceptivos reduz o risco de câncer de ovário em um terço. Em relação à terapia de reposição hormonal, o risco de ocorrência de câncer de ovário é controverso, mas ela pode conferir maior risco. O uso da terapia de reposição hormonal após o tratamento do câncer de ovário também é controverso. Portanto, é recomendável fazer um julgamento de seu uso com base nos benefícios de acordo com o perfil da paciente, a partir de critérios tais como idade e eficácia de tratamentos anteriores.

Quais os progressos obtidos nos últimos anos em relação às terapias-alvo e à imunoterapia?

A principal notícia relacionada ao câncer de ovário é que um dos inibidores de PARP, o olaparibe, tornou-se disponível para pacientes com câncer de ovário de caráter recorrente sensível à platina e que possuem mutação germinativa do gene BRCA. Até agora, todos os agentes imunoterápicos estão sob investigação para o câncer de ovário.

Qual é o potencial dos testes genéticos para prevenir e tratar o câncer de ovário?

A mutação BRCA1 ou BRCA2 será o teste genético potencial para todas as pacientes com câncer de ovário epitelial, pois agora é sabido que elas poderiam ser o alvo do inibidor de PARP, que se tornou disponível para aquelas pacientes com mutações germinativas em BRCA. Para as mulheres que têm uma história familiar significativa de câncer de mama ou câncer de ovário, será relevante ter o teste genético para BRCA. O teste deve ser realizado na clínica ou hospital onde o aconselhamento genético apropriado estiver disponível.

A cirurgia de remoção de ovário é uma medida preventiva importante? Considera-se que a remoção do ovário é eficaz para prevenir o câncer em mulheres que sabem ter mutação germinativa nos genes BRCA. No entanto, é importante considerar que a probabilidade de desenvolver câncer de ovário aos 70 anos é de apenas 35% a 46%para as mulheres com mutação BRCA1 e de 13% a 23% em mulheres com mutação BRCA2. O risco e o benefício da cirurgia preventiva de remoção de ovário devem ser profundamente discutidos com os médicos.

Última modificação em Terça, 08 Agosto 2017 19:50