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Palestrante internacional comenta tendências em oncologia mamária

Notícias Terça, 17 Outubro 2017 13:08

As tendências e novidades para o tratamento de pacientes com câncer de mama serão discutidas pela Dra. Mariana Chávez-McGregor durante o XX Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica. A professora assistente da Universidade do Texas (EUA) se diz ansiosa para compartilhar com os colegas brasileiros os princípios terapêuticos adotados por seu grupo de trabalho no MD Anderson Cancer Center. Ela é graduada pela Universidade Nacional Autônoma do México. Nesta entrevista, comenta a possibilidade de o olaparibe tornar-se a primeira terapia alvo-direcionada para o tratamento de pacientes com câncer de mama metastático associado a uma mutação BRCA 1 ou 2 e o papel dos inibidores de checkpoint, entre outros assuntos. Confira.

Em 2015, você ganhou o prêmio de jovem investigadora da Multinational Association of Supportive Care in Cancer (MASCC) e a honraria Best of ASCO Outstanding Scientific and Academic Collaboration on Breast Cancer – Triple Negative. Poderia comentar a importância desses prêmios em sua carreira? Qual é a sua sugestão para novos oncologistas?

Esses prêmios foram muito importantes. Eles são um reconhecimento de um esforço de equipe e, em particular, um reconhecimento para meus mentores. Além desses prêmios, o SWOG Young Investigator foi particularmente importante, uma vez que me permitiu receber treinamento especial no desenvolvimento de ensaios clínicos e me abriu as portas para integrar um grupo cooperativo muito importante. Os jovens oncologistas interessados ​​em pesquisa devem buscar uma boa orientação. Acredito fortemente que é crucial mergulhar no mundo da medicina acadêmica.

O que você poderia comentar sobre as dificuldades de acesso dos pacientes a novos tratamentos para câncer de mama por causa dos altos custos? Como é esse cenário nos EUA?

Vimos um tremendo avanço na terapêutica contra o câncer. Novas drogas, infelizmente, tendem a ter um custo muito alto e isso está associado a importantes problemas de acesso. Apesar de, nos Estados Unidos, a maioria dos medicamentos serem cobertos por companhias de seguros, a situação é muito complicada, porque os pacientes podem ter copagamentos muito altos ou porque os pacientes não cobertos podem ter dificuldades importantes para obter esses medicamentos. O custo do tratamento é um problema que não deve ser minimizado. Provavelmente, é muito mais grave em países de economias emergentes, onde a realidade é que os altos custos limitarão o acesso. Portanto, apenas aqueles com recursos para pagar o alto preço das drogas podem se beneficiar de novas terapias, criando significativas disparidades no tratamento.

Considera que os resultados do estudo da OlympiAD já fazem do olaparibe o tratamento padrão de segunda linha para pacientes com tumores triplo-negativos e mutação germinativa de BRCA1 ou BRCA 2? Estamos diante da primeira terapia-alvo para esses pacientes?

Os resultados do OlympiAD são muito encorajadores e acredito que o olaparibe irá se tornar a primeira terapia-alvo para o tratamento de pacientes com câncer de mama metastático associado a uma mutação BRCA 1 ou 2. No entanto, ainda não estamos usando esse medicamento nessa indicação. Aguardamos até que o medicamento seja aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration).

Ainda em relação aos inibidores de PARP, quais são as perspectivas dessas moléculas no tratamento do câncer de mama?

Os inibidores de PARP são moléculas promissoras para o tratamento do câncer de mama. Muito provavelmente, seu papel será apenas em pacientes com mutações BRCA1 ou 2. Questões sobre se essas moléculas devem ser usadas sozinhas ou em combinação com quimioterapia ou em que linha de terapia ainda precisam ser respondidas. Essas moléculas provavelmente terão um papel no tratamento de pacientes com doença metastática, mas provavelmente serão usadas em pacientes com câncer de mama em estágio inicial. Estudos atuais avaliando o papel dos inibidores de PARP no cenário neoadjuvante têm sido promissores.

Qual a sua expectativa sobre os inibidores de checkpoint para tratar câncer de mama?

O papel dos inibidores de checkpoint, em particular, e da imunoterapia, em geral, no tratamento de pacientes com câncer de mama ainda precisa ser definido. Muitos grupos estão trabalhando na avaliação do benefício dos inibidores de checkpoint, especialmente entre pacientes com tumores triplo-negativos, mas os resultados mostraram benefícios modestos na melhor das hipóteses. Hoje, não fazem parte da terapia-padrão. Se os inibidores de checkpoint serão usados ​​como agentes únicos ou em combinação, ou em uma linha específica de terapia, isso ainda precisa ser determinado.

Em que classe de medicamentos você coloca a maior esperança para o tratamento do câncer de mama?

Fizemos um excelente progresso no subgrupo de pacientes HER2 positivo com terapias anti-HER2. Os imunoconjugados e os novos inibidores de tirosina cinase podem ser promissores. Entre os tumores HR + positivos, continuaremos a ouvir sobre os inibidores de ciclinas D e a potencial combinação com os inibidores da PIK3CA. Espero que façamos avanços importantes em um futuro próximo no tratamento de pacientes com câncer de mama triplo-negativo, talvez com outras moléculas ou imunoterapia. Os inibidores de PARP serão uma ferramenta promissora para mutation carriers

Dado o resultado recente do estudo japonês CREATE-X (Masuda – NEJM 01/ junho, 2017), você considera oferecer capecitabina adjuvante para pacientes com tumores triplo-negativos que não alcançaram resposta patológica completa após a quimioterapia neoadjuvante?

Em grupos selecionados de pacientes com tumores triplo-negativos e doença residual importante, considerarei isso. Gerenciar as toxicidades nesse grupo que já foi intensamente tratado pode ser um desafio, mas provavelmente vou discutir o risco e os benefícios com meus pacientes.

O que de mais interessante pretende trazer para o XX Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica?

Sinto-me honrada em participar desse importante evento. Estou ansiosa pela oportunidade de interagir com tantos colegas, sabendo que podemos aprender uns com os outros. Como oncologista especializada em câncer de mama, trabalhando em um importante centro de referência, espero poder compartilhar os princípios orientadores do tratamento que usamos aqui. A ideia é sempre tentar fornecer uma visão crítica sobre os dados que, com sorte, podem ajudar os colegas a oferecer cuidados compassivos e baseados em evidências científicas.

 

Participe do XX Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica!

O evento será realizado de 25 a 28 de outubro, no Hotel Windsor Oceânico, no Rio de Janeiro (RJ). A programação e a área de inscrições estão disponíveis no site www.semanaonco.com.br/oncologiaclinica. #CongressoSBOC

Última modificação em Sexta, 20 Outubro 2017 13:57

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